Em meio a todas incertezas trazidas pela pandemia, é difícil traçar cenários de como será a vida quando a situação melhorar. Mas à medida que alguns países começam a voltar “ao normal”, algumas ideias vão surgindo. E a principal referência é a China.
No país, que iniciou a reabertura em abril depois de dois meses de “lockdown” para controlar o vírus que se espalhou pelo mundo a partir da cidade de Wuhan, os consumidores estão voltando às compras com mudanças de comportamento, como a preferência por serviços e pagamentos sem contato e por pequenas lojas locais em detrimento de grandes varejistas.
Além das compras houve avanço nos atendimentos médicos feitos pela internet. Os quatro principais serviços chineses WeChat Doctor e WeDoctor (da Tencent), JD Health e Ping An Good Doctor tiveram crescimento médio de tráfego de 900% entre janeiro e fevereiro. Houve ainda uma mudança no perfil de uso, com mais idosos aderindo às plataformas.
“O consumidor gostou da comodidade de receber tudo em casa. Até os mais velhos, mais resistentes à tecnologia, entraram nessa”, diz Felipe Zmoginski, fundador e presidente da Inovasia, consultoria que trabalha com empresas brasileiras que querem fazer negócios com a China e vice-versa.
Na avaliação de Zmoginski, existem muitas diferenças culturais e de maturidade de tecnologia em relação à China e o Ocidente, mas várias tendências que surgiram no país já se espalharam pelo mundo e têm características para ser replicadas no Brasil. Ele cita como exemplos as bicicletas que operam sem estações fixas (dockless) e o Amazon Live, um serviço de venda de produtos por meio de transmissões feitas ao vivo pela internet. “Um lugar tão inovador quanto o Vale do Silício copia a China”, diz.
Outras tendências detectadas pela Inovasia foram as entregas na mesma hora; alimentação saudável e preocupação com a saúde.
Fonte: Valor Econômico