No mercado de óculos, que deve movimentar R$ 15,4 bilhões neste ano, a categoria mais afetada pela recessão é a de óculos de sol, que deve encolher 10,2%, com vendas de R$ 3,17 bilhões. Mas a Chilli Beans está conseguindo escapar da crise. Segundo um novo estudo da Euromonitor, a fabricante e varejista brasileira é a única empresa do mercado de óculos de sol com crescimento de receita neste ano.
“A categoria de óculos de sol sofreu mais com a crise econômica. As vendas informais são uma grande preocupação, porque os consumidores brasileiros podem encontrar facilmente óculos falsificados da China poucas semanas após o lançamento de um novo modelo de um fabricante”, diz Alexis Frick, gerente de pesquisa na Euromonitor International. Óculos de sol são considerados produtos supérfluos. O consumidor, então, tende a adiar a compra.
Entre as empresas que fabricam óculos de sol, a Euromonitor destaca o desempenho da brasileira Chilli Beans. “A Chilli Beans foi um dos poucos competidores no segmento a mostrar um bom desempenho em um cenário difícil”, observou o analista.
De acordo com a pesquisa, entre as cinco maiores empresas da categoria de óculos de sol, a Chilli Beans é a única com crescimento em receita neste ano, de 8,7%, de acordo com a Euromonitor International. A empresa é a segunda maior na categoria, perdendo apenas para a Luxottica Group (que atualmente também é dona da Óticas Carol). Mas as vendas da Luxottica, segundo o estudo, devem cair 9% no país neste ano. Também apresentariam retração nas vendas a Vision Service Plan Global (de 7,1%), o Safilo Group (11,4%) e a JR Adamver (12,8%).
Para Caito Maia, fundador e presidente da Chilli Beans, o crescimento em receita é resultado da abertura de lojas, atingindo um público consumidor novo, e também de mudanças nas linhas de produtos, com o aumento de 10% na oferta de óculos de sol de preço mais baixo (R$ 139,80 por par). A empresa também segurou o reajuste de preços, mantendo o preço médio de seu portfólio de óculos de sol em R$ 210, valor praticado no ano passado.
“A situação econômica está difícil. O fluxo nos shopping centers caiu de 20% a 25%. A intenção de consumo está baixa. A empresa fortaleceu a oferta de óculos com preços mais baixos e buscou novas praças”, afirmou Maia.
De acordo com o executivo, existem no país 450 cidades com 120 mil habitantes que não têm shopping centers. Para essas cidades, a Chilli Beans desenhou um modelo de franquia menor, com lojas de rua e investimento inicial de R$ 170 mil.
A expectativa de Maia é abrir 50 unidades no país, com esse modelo de loja menor. Ao todo, a empresa tem como meta abrir 70 lojas, terminando o ano com 800 pontos de venda, entre quiosques e lojas. Atualmente, a Chilli Beans possui 750 unidades, sendo 350 quiosques em shopping center. O restante são lojas.
A Chilli Beans também passou a vender seus óculos de sol em lojas multimarcas. Nas suas franquias, começou no ano passado a oferecer armações para óculos de grau e colocação de lentes.
“As vendas de óculos de grau vão super bem”, disse Maia, sem citar números. Para o ano, a empresa estima atingir uma receita de R$ 650 milhões, ante receita de R$ 605 milhões em 2016, um crescimento de 7,4% no ano.
O mercado de óculos e lentes como um todo, segundo a Euromonitor, vai crescer 1,4% neste ano no Brasil, movimentando R$ 15,43 bilhões em vendas. O estudo indica retração para óculos de sol, mas crescimento de vendas em todas as demais áreas do setor óptico.
As vendas de armações de óculos crescem 4,8%, para R$ 7,82 bilhões. As vendas de lentes de óculos, por sua vez, crescem 4,6%, para R$ 3,57 bilhões.
Para a área de solução de limpeza de lentes a previsão é de expansão de 9%, para R$ 162,7 milhões. As vendas de lentes de contatos estão estimadas em R$ 570 milhões, com aumento de 5,7% em relação a 2016.
Fonte: Valor Econômico