Dirigente de empresa de cosméticos vai a pontos de venda para saber opinião do cliente; líder de seguradora vê disputa global de talentos
Foi-se o tempo em que o CEO ficava na sua sala delegando tarefas para a equipe. Hoje, é possível ver, com frequência, o dirigente circulando pelos os departamentos para acompanhar os times e toda a cadeia que envolve a dinâmica da empresa.
Na Coty, multinacional do ramo de cosméticos, por exemplo, o CEO Nicolas Fischer, de 50 anos, chega a ir aos pontos de venda para conferir se a estratégia aplicada está atraindo os clientes. “Seguindo uma prática do CEO global, eu também costumo visitar a casa de uma cliente para saber o que ela acha de nossos produtos. Eu me apresento como representante da empresa e nunca falo que sou o CEO, para que ela não se iniba e fale a verdade sobre o que pensa”, diz o executivo.
Outro exemplo é a seguradora Allianz. Lá, o CEO Miguel Pérez Jaime, 49 anos, também marca reuniões frequentes com parceiros e corretores para ter uma visão geral do negócio. “Temos um modelo de negócio mais flexível e valorizamos bastante o trabalho em equipe.”
Os dois estão entre os 22 dirigentes que participarão do programa CEO por um dia, criado pela Odgers Berndtson, que atua no segmento de seleção e contratação de executivos, e tem o apoio do Estado, PDA Internacional, Machado Meyer Advogados e Centro de Carreiras da FGV Eaesp. O programa vai mostrar a 22 universitários um dia na vida de um CEO.
Fischer diz que o estudante que o acompanhar vai observar a importância de saber quem é o consumidor da sua empresa e qual é o seu desejo.
A rotina diária do CEO envolve uma visita todas as manhãs ao centro de desenvolvimento de produtos, junto com a equipe de marketing, para ver de perto as criações. “O CEO deve estar próximo do cliente. Nós recebemos, diariamente, 100 consumidoras para falar o que acham sobre os nossos produtos. A análise envolve o tipo e o design da embalagem, fragrância, cor, cheiro, tipo de pele…”
O executivo conta que, por ano, 20 mil clientes passam pelo centro. “Também pretendemos levar o estudante a pelo menos dois pontos de venda para ele entender como fazemos a comunicação para atrair a consumidora. Temos um exército trabalhando nas lojas em cima disso.”
À tarde, ele participará de reuniões com as equipes e, talvez, de uma conferência telefônica internacional com a matriz. “As conferências também são rotina no meu dia a dia. Pode ser sobre algum assunto que surgiu naquele dia ou algo que já estamos tratando há algum tempo.”
Atualmente, a Coty emprega 3 mil funcionários no Brasil e 20 mil em todo o mundo.
Na Allianz, o estudante vai começar o dia lendo os jornais. Depois, junto com o CEO, ele vai analisar o desempenho dos departamentos no dia anterior, e vai acompanhar as decisões que o executivo tomará em cima desses resultados.
A partir daí, segundo Jaime, as atividades podem variar. “Normalmente, há reuniões com fornecedores, parceiros ou distribuidores. Algumas podem ser fora e outras dentro da companhia”, conta o executivo.
Para Jaime, é importante ao jovem que está chegando ao mercado hoje saber que ele precisa se preparar para ser um talento global e para atuar nos mais diferentes mercados.
“Nós estamos acompanhamos a globalização dos talentos. Os jovens que estão iniciando a sua carreira hoje, sofrem mais com a concorrência. Além de disputar uma vaga com um profissional que vive no seu País, ele terá de enfrentar jovens do mundo inteiro.”
Por este motivo, afirma o CEO, ele precisa se preparar para uma mudança contínua. “Mesmo trabalhando na mesma empresa a vida inteira, a companhia do ano que vem pode ser diferente da que ele viveu no ano anterior.” A Allianz tem 1,2 mil funcionários no Brasil e 140 mil no mundo.
Fonte: Estadão