“Não terei filhos nem irmãos na minha sucessão. Sou uma pessoa jovem, mas já pensamos nisso com antecedência”, disse Birman
Por Raquel Brandão
Ao completar 50 anos, o grupo de moda Arezzo &Co olha para frente e começa a traçar os próximos planos. Um deles passa pela sucessão de Alexandre Birman, seu presidente. “Não terei filhos nem irmãos na minha sucessão. Sou uma pessoa jovem, mas já pensamos nisso com antecedência. Tenho aqui um time de líderes em que todos terão condições de dar continuidade”, disse Birman ao Valor, acrescentando que tem ainda “pelo menos 10 anos de pista”.
Os funcionários da Arezzo &Co em cargos de comando têm idade média de 34 anos, bem abaixo do que se costuma ver em grandes empresas. Birman é o mais velho, com 46 anos. O empresário começou a ser treinado para assumir a presidência da empresa da família quando ainda tinha 16 anos – um processo que levou 20 anos. O executivo assumiu a direção em 2013.
Hoje a marca dá início às comemorações dos 50 anos. A primeira loja, na rua Oscar Freire, na cidade de São Paulo, será transformada em um espaço de exposição multimídia que contará a história da empresa. No mesmo dia, será lançado o livro Arezzo 50, com imagens de campanhas da empresa. No sábado, o grupo fará uma festa no Copacabana Palace, no Rio.
Fundada em Belo Horizonte em 1972 pelos irmãos Anderson (pai de Alexandre) e Jefferson Birman, a Arezzo nasceu focada em calçados masculinos, mas logo migrou para o segmento feminino. Ampliou o portfólio de marcas, com a Schutz (criada por Alexandre aos 18 anos), Anacapri, Alexandre Birman e Fiever, por exemplo. Em 2020 deu o passo para se tornar um grupo de moda, comprando a marca carioca de moda masculina Reserva e criando sua unidade de negócios AR &Co, hoje sob o comando de Rony Meisler, fundador da Reserva.
De lá para cá, a Arezzo &Co trouxe para dentro de casa a marca de moda jovem e urbana BAW Clothing e a Carol Bassi, de moda feminina de luxo. Também criou neste ano a linha de roupas da Schutz, um plano que Birman sempre teve. Hoje, são 16 marcas dentro do grupo.
No segundo trimestre, o grupo reportou números fortes. A receita bruta, por exemplo, foi recorde, somando R$ 1,2 bilhão, 65% a mais do que um ano antes e 138% acima de 2019. Em 2021, a receita bruta anual foi de R$ 3,6 bilhões.
Neste ano, no segundo trimestre, a receita líquida cresceu 71%, para R$ 945 milhões. O lucro líquido atribuído aos controladores caiu 9%, para R$ 119,8 milhões, mas apenas porque um ano antes a companhia registrou cerca de R$ 142 milhões em créditos fiscais, o que pesou na comparação. Desconsiderando esse efeito, o lucro líquido cresceu 160% sobre o segundo trimestre de 2021 e 247% sobre 2019.
A ação da companhia acumula valorização de 24,70% no ano, negociada a R$ 94,51.
“Temos uma certa inquietude produtiva, de estar sempre perseguindo um passo além. Empresa que não cresce, diminui”, diz Birman. O grupo tem 6 fábricas e 944 lojas e cerca de metade da receita vem dos canais on-line e das lojas multimarcas.
Nesse ímpeto por continuar crescendo, o executivo diz que o avanço orgânico “está bem pautado”, mas não descarta novas aquisições, cujos alvos “estão no guarda-roupa da mulher”. Há planos de trazer de 4 a 5 grifes estrangeiras ao Brasil, em operação de licenciamento, como a que tem com a americana Vans.
Birman segue estudando novas categorias. Um dos testes é a Simples, uma espécie de “spin-off” da Reserva, com foco na classe B. “Estamos analisando possibilidades. Nosso foco principal é a classe AB, mas a forma que entramos na marca Reserva, chegando onde nem os fundadores esperavam, mostra que temos uma plataforma poderosa.”
Fonte: Valor Econômico