A C&A, gigante mundial de vestuário e moda fashion, destacou a importância da adoção da blockchain na indústria da moda mundial que atualmente enfrenta diversos problemas em relação à transparência, devido várias denúncias sobre os vínculos desta indústria com trabalho escravo em diversos países. Recentemente, o Instituto C&A no Brasil lançou um edital chamado “Transparência na indústria da moda no Brasil” no qual aborda este assunto.
Em uma entrevista ao jornal Estado de São Paulo, Leslie Johnston, diretora executiva da C&A Foundation, uma fundação criada pela C&A (e batizada no Brasil de Instituto C&A) , destacou que um de seus sonhos é ter um sistema em que a transparência da cadeia produtiva torne-se norma, assim como condições de trabalho mais justas e dignas para os envolvidos e um esquema circular de produção, em que a preocupação com o reaproveitamento ou descarte de um produto seja levada em consideração desde o início de sua criação até seu desenvolvimento.
Para Johnston, as possibilidades da blockchain representam um enorme potencial para tornar este sonho realidade: “Transparência é sobre ter informações que permitam a todos da cadeia produtiva serem responsáveis por suas ações, empoderando trabalhadores, por exemplo, ou para que governos façam seu trabalho certificando-se de que essas fábricas trabalhem de acordo com padrões de conformidade. Estou empolgada com o potencial da transparência combinado a tecnologias, como a blockchain, por exemplo. É a primeira vez na história em que estamos aptos a ter transparência nesse grau numa indústria tão dispersa geograficamente”, afirmou.
No entanto, para que a bockchain possa realmente funcionar e garantir a transparência do setor é preciso que as iniciativas conectem diversos atores, grandes e pequenos, em todo o globo. Por isso, a C&A Foundation criou o projeto “Fashion for Good” que tem como foco conectar os mercados e unir os diferentes nós dispersos desta cadeia.
Como revela Amanda Lima, advogada do universo de criptomoedas nacional, destaca que, por meio do Fashion for Good, a C&A apoiou o primeiro projeto do mundo que rastreou a cadeia de produção da indústria da moda, um projeto da venezuelana Neliana, desenvolvido em parceria com a Provenance (empresa de desenvolvimento de software) e a estilista Martine Jarlgaard e que rastreou e acompanhou a jornada de uma matéria-prima específica, a lã de alpaca.
Eles observaram toda a sua cadeia de produção, desde a criação dos animais nas fazendas, o ato de cortar a lã bem rente ao corpo do animal, o transporte, o manuseio e a fiação, até chegar à luxuosa loja da estilista Martine Jarlgaard. Foram as primeiras peças de roupa do mundo rastreadas com a tecnologia blockchain, com todas as informações disponíveis no QR code de suas etiquetas. “O foco do Fashion for Good é nutrir essas diferentes iniciativas que estavam pipocando isoladamente, conectá-las aos mercados e entre si num modo que chamamos de pré-competitivo. Quando você reúne várias marcas na mesma mesa para apresentar um tipo de inovação [que pode benefiá-las igualmente], isso é uma coisa bastante nova. Temos entre os apoiadores do Fashion for Good o grupo de luxo Kering [dono da Gucci e da Saint Laurent, entre outras grifes], Adidas, C&A, Zalando, Target e Galleries Lafayette. É uma ótima mistura. Quando lançamos o projeto em março do ano passado, já tínhamos assegurado nosso primeiro parceiro, a Kering, que é uma gigante. Uma vez que ela apoiou o Fashion for Good, outras marcas começaram a olhar com interesse para ele, o que nos ajudou bastante.” completa a diretora da C&A.
No Brasil, como destaca Lima, atualmente, há um grupo de aprendizado e geração de negócios através de produtos, projetos e soluções inovadoras cujo um dos produtos é a Redesfibra. Uma de suas soluções é utilizar a tecnologia blockchain para resolver o problema de resíduos na indústria têxtil, coletando e destinando-os corretamente para empresas de desfibragem. Nesse sentido, através da blockchain, o descarte correto poderia ser certificado e a empresa emitiria um selo de garantia de descarte para as empresas.
Fonte: Criptomoedas