As lojas de proximidade deverão crescer de 1% a 2% real neste ano. A estimativa é da GfK, empresa que conduz há cinco anos uma pesquisa sobre esse tipo de varejo. Entre os fatores para o avanço, está o fato de o consumidor ter reduzido visitas a super e hipermercados para evitar comprar mais do que gostaria. “No segmento de vizinhança, a pessoa leva apenas o básico”, explica Marco Aurélio Lima, diretor da GfK para o setor de varejo.
Para manter vendas, essas empresas têm aberto mão de margem a fim de garantir competitividade. No primeiro trimestre de 2016, a GfK constatou que o preço de uma cesta com 35 categorias custava R$ 232,49 nas lojas de proximidade. Já nos super e hipermercados, o valor era de R$ 233,81. “Esses varejistas se abastecem em diversos canais em busca de preços menores”, diz Lima.
Outra estratégia adotada é se associar a centrais de compras para adquirir escala. Segundo o executivo da GfK, 20% das lojas de proximidade aderiram ao modelo. “No Nordeste, o percentual é superior a 30%”. Graças a iniciativas como essas, as unidades independentes não têm sentido a entrada das grandes redes – como Dia%, GPA, Carrefour e outras – no segmento. “Existe espaço para todos, pois o mercado de vizinhança é amplo. As grandes redes estão expandindo principalmente nas capitais, mas o interior tem um potencial enorme”, explica Lima.
Perfil profissionalizado
As lojas de vizinhança que pertencem a redes supermercadistas respondem por 15% da amostra de 400 empresas pesquisadas pela GfK. Neste ano, o estudo separou os estabelecimentos de proximidade de acordo com perfis de gestão. As filiais que formam redes estão no grupo chamado “Varejo Profissionalizado”. Nele, elas representam 66% do total. “Nesse caso, normalmente quem toca o negócio é um gerente de loja ou diretor. O número médio de funcionários é de 23 por unidade e o de itens vendidos, 15 mil”, diz Lima.
Os profissionalizados têm um faturamento médio (declarado pelo entrevistado) de R$ 169,3 mil/mês. É o segundo grupo em faturamento. O primeiro é o do “Promissor Solitário”, cuja receita mensal é de R$ 174,5 mil. “Nesse perfil, é o próprio dono que está no comando do negócio”, explica o executivo. Como o proprietário está bem próximo da operação, essas lojas conseguem ser mais produtivas, operando com apenas 15 funcionários. “Os empresários desse grupo estão entre os que mais dedicam tempo à negociação e à busca de fornecedores”, comenta Lima. Em cada categoria, trabalham com, pelo menos, 2 a 3 fornecedores, o que é bastante considerando o porte da empresa. Já no grupo “Varejo Profissionalizado”, composto principalmente por redes, predomina a compra centralizada na matriz. “Isso torna o processo decisório mais lento, o que dá vantagem às lojas tocadas diretamente pelo dono”.
Lucro líquido
Lima estima que o lucro líquido do segmento de lojas de proximidade precise girar, em média, de 15% a 20%. “Esse é o patamar considerado saudável para os negócios”, enfatiza. Mas nem sempre é fácil alcançar esse percentual. “O que muitas empresas estão fazendo é recorrer ao atacarejo, pois podem realizar parte da compra como pessoa jurídica e parte como pessoa física”, afirma o diretor da GfK. Hoje, 26% dos pequenos varejistas compram nesse canal.
Garantir o futuro da empresa passa necessariamente por aprimorar a gestão e melhorar a produtividade. Sem isso, fica difícil sobreviver num mercado cuja competitividade é grande – com ou sem crise.