A realidade aumentada se popularizou durante a febre do jogo Pokémon. A partir do fim de fevereiro, o recurso passará a ser usado também para escolher os móveis de casa. Esta é uma das ações da Via Varejo (controlada pelo Grupo Casino), que reúne as operações on-line e física das marcas Ponto Frio e Casas Bahia, para deixar para trás o modelo tradicional de vendas, com lojas abarrotadas de produtos, e aderir a novas tecnologias para aumentar sua receita.
Inovações como a realidade aumentada fazem parte de um novo conceito de loja da Via Varejo, o smart – com área de venda menor em relação ao modelo tradicional. O grupo acaba de inaugurar em Aparecida de Goiânia, na Grande Goiânia, a terceira loja no novo padrão. As duas primeiras, abertas em dezembro, estão em funcionamento em Canoas (RS) e Petrolina (PE). Apesar de serem unidades menores em relação aos pontos mais antigos, as novas lojas contam com mais recursos tecnológicos que permitem mapear melhor os hábitos dos consumidores. Neste ano, a previsão é que sejam inauguradas entre 70 e 80 unidades, todas do tipo smart – número bem acima dos 8 pontos abertos em 2017.
Um dos recursos da loja smart, fornecido pela Cisco, é o mapa de calor e medição de fluxo, que utiliza informações captadas pelo Wi-Fi da loja, transmitidas pelos celulares dos consumidores, para saber o tempo de permanência em uma determinada seção ou quais são os horários de maior circulação de clientes.
Em breve, a bancada de exposição de smartphones vai contar com um recurso que identificará a partir do comportamento do visitante (como ele manuseia o aparelho e por quanto tempo) quais são os modelos mais procurados, o que ajudará a gerência de cada loja a definir melhor quais itens devem ser expostos e quais podem ser consultados apenas nos terminais interativos – uma espécie de catálogo virtual que exibe os 10 mil itens vendidos pelas duas bandeiras.
O catálogo virtual, exposto em alguns totens espalhados pela loja, permite ao cliente ver toda a linha de produtos e suas especificações. O consumidor pode, por exemplo, escolher o armário para a cozinha com a ajuda do consultor de vendas e ter a compra finalizada no computador da loja.
Ainda no primeiro trimestre todas os pontos de venda terão o catálogo virtual e até o fim do primeiro semestre também passarão a ser oferecidos os itens vendidos no marketplace da Via Varejo, que conta com cerca de 1,5 milhão de produtos.
Os ambientes da casa, como sala, cozinha e quarto, também passarão a contar com uma ajuda adicional para tentar ganhar o cliente: óculos de realidade virtual. Por meio do equipamento, é possível simular a presença nesses cômodos e trocar as cores e texturas dos móveis. Com o tempo, a empresa vai incluir outros itens no tour virtual, como geladeira, para simular o ambiente real. “Acabou o modelo tradicional de loja. Vamos inaugurar a partir de agora apenas as lojas tipo smart e até 2019 todas as unidades no modelo antigo já terão sido convertidas para esse novo padrão”, diz Marcelo Nogueira, diretor de Modelo de Venda da Via Varejo.
O modelo smart levou cerca de um ano e meio para ser finalizado e foi resultado de pesquisas no mercado americano, chinês e europeu. Toda a tecnologia embarcada absorverá metade dos recursos destinados à inovação na empresa (valores não revelados).
Com a possibilidade de conhecer melhor o perfil dos clientes, cruzando informações do mapa de calor, das compras feitas nas lojas, dos negócios originados no site (em que se pode saber a origem do pedido por meio do CEP do comprador), além da opção de retirada das mercadorias diretamente no ponto de venda, os executivos da Via Varejo esperam ter a chance de adequar o mix de produtos expostos e usar o espaço ocioso para abrigar quiosques de outras marcas, no conceito de store-in-store – o que aumenta a oferta de mercadorias e pode criar uma fonte extra de renda com o aluguel de uma área da loja para outra empresa.
Outro projeto, segundo Paulo Fernandes, diretor regional para Centro Oeste e Interior de São Paulo da Via Varejo, é utilizar esses dados para criar mini-centros de distribuição em lojas onde seja possível identificar uma demanda maior pela retirada de produtos comprados pelo site das duas bandeiras. “Em três meses, percebemos que foram retiradas na loja de Sobradinho (DF) cerca de 5.800 mercadorias compradas pela internet”, diz Fernandes.
Fonte: Estado de Minas