O Carrefour Brasil (CRFB3) viu seu comércio eletrônico mais que triplicar no último mês como resultado das medidas de isolamento social para conter o novo coronavírus, afirmou à Reuters o diretor presidente da varejista, mesmo com crescentes desafios operacionais em meio à pandemia.
Em apenas 15 dias a subsidiária do grupo francês Carrefour tomou 240 decisões para responder ao crescimento da demanda nas lojas físicas e online no Brasil, incluindo novas medidas sanitárias para proteger empregados e clientes, além de contratações e congelamento de preços.
“Antecipamos algumas ações porque já tínhamos experiência com essa epidemia na Europa, onde começou algumas semanas antes, e agora já estamos até compartilhando iniciativas do Brasil com a França”, disse o diretor presidente Noël Prioux em entrevista na sexta-feira.
Vagas
Com cerca de 3 mil funcionários afastados das funções por pertencerem ao grupo de risco ou apresentarem sintomas de Covid-19, o Carrefour Brasil abriu 4 mil vagas temporárias e planeja contratação de mais 1 mil nos próximos dias, contou o executivo. O grupo conta com cerca de 86 mil trabalhadores no país.
Além de medir a temperatura de todos os seus colaboradores diariamente, a empresa há cerca de 15 dias testou o mesmo com clientes nas lojas físicas. A iniciativa, segundo Prioux, foi bem recebida e agora está sendo adotada em todas as 692 unidades de diferentes formatos.
“Ter febre não quer dizer que a pessoa tem coronavírus, mas temos que proteger todo mundo, então temos um time que pode fazer a compra para pessoa ou damos máscara e luva para ela mesma fazer”, explicou. “Agora algumas cidades da França como Nice, por exemplo, adotaram a mesma prática”, acrescentou o diretor presidente.
O Brasil registrava 22.169 casos confirmados de coronavírus, com 1.223 mortes, até 12 de abril, mostraram dados do Ministério da Saúde.
Maior varejista alimentar do país, o Carrefour Brasil também intensificou as negociações com fornecedores para evitar escassez de mercadorias e aumento nos preços de 200 produtos de marca própria até 3 de junho.
Pressão de preços
“Infelizmente alguns produtores subiram os preços e não podemos aceitar… Estamos aportando volumes e, em troca, nossos fornecedores mantêm os preços”, disse Prioux, destacando oscilações mais bruscas nos preços de feijão, leite, legumes, verduras e frutas.
No segmento de atacarejo, no qual a varejista opera sob a marca Atacadão, ele observou uma “redistribuição de vendas”, com a demanda maior de pequenos mercados, padarias e outros negócios que se encaixam na categoria de serviços essenciais compensando o fechamento de bares e restaurantes por decretos municipais e estaduais.
Enquanto em supermercados, hipermercados e lojas de proximidade clientes passaram a comprar volumes maiores para sair menos de casa, a frequência de compras aumentou significativamente no comércio eletrônico, destacou o executivo.
“Mais que triplicamos as vendas (online) no último mês… Vemos aceleração principalmente em São Paulo e repetição de compras também, mas não sabemos se vai continuar assim no futuro”, afirmou.
O Carrefour Brasil registrou crescimento de 40% no total de vendas online no quarto trimestre, de acordo com o balanço mais recente, com salto de 405% no ecommerce alimentar.
Pressão de custos
Juntas, alertou Prioux, todas as medidas relacionadas ao Covid-19 devem elevar as despesas operacionais, o que por sua vez pode compensar o recente aumento das vendas e limitar as margens.
“Vendemos volumes maiores, mas reinvestimos em custos adicionais… A visão que temos hoje é de que (a margem) não vai mudar e será mais ou menos como antes da crise”, disse Prioux, minimizando ainda o impacto do auxílio de 600 reais concedido pelo governo federal a trabalhadores informais.
As ações do Carrefour Brasil exibiam queda de 0,15% no início dos negócios desta segunda-feira, enquanto o Ibovespa recuava 0,4%. Os papéis da companhia encerraram março praticamente estáveis, enquanto o Ibovespa despencou cerca de 30% no mês.
Fonte: MoneyTimes