Por Raquel Landim | Além do comunicado público, o CEO do Carrefour também enviou uma carta lamentando o episódio ao ministro da Agricultura, Carlos Fávaro.
Mais de 80% do fornecimento de carne para o Carrefour no Brasil é feito pela gigante JBS, que liderava o boicote. Os frigoríficos reclamavam do Carrefour espalhar mentiras sobre a sanidade da carne brasileira e não de privilegiar a compra de carne francesa.
O que diz o texto publicado pelo Carrefour
A empresa afirma que é de sua “responsabilidade apaziguar” as divergências que o comunicado sobre a carne do Mercosul gerou com o Brasil.
“Melhor do que ninguém, conhecemos os padrões que a carne brasileira atende e sua ótima qualidade e sabor. Continuaremos a promover os setores agrícolas brasileiros como fazemos no Brasil há quase 50 anos.” A carta afirmou ainda que o grupo não opôs a agricultura francesa à agricultura brasileira. “Nossos dois países de origem, nossos dois corações tendo em comum o amor à terra, a sua cultura e a boa comida”.
O grupo informou ainda que não pretende mudar as regras do mercado francês. “Nós compramos quase exclusivamente nossa carne na França e continuaremos a fazê-lo. A decisão do Carrefour França não pretende mudar as regras de um mercado francês já muito grande estruturado em suas cadeias de abastecimento locais.”
A rede varejista disse que a compra do mercado francês “assegura legitimamente aos agricultores do povo francês, mergulhado numa grave crise”.
Em outro trecho, o grupo afirmou que continuará a comprar carne do Brasil. “Do outro lado do Atlântico, compramos quase toda a nossa carne brasileira do Brasil e continuaremos a fazê-lo. Estes são os mesmos valores de enraizamento e parceria que inspira nosso relacionamento com o mundo agrícola brasileiro há 50 anos”, informou o grupo.
Após lamentarem a polêmica ocorrida, o grupo disse conhecer os padrões que a carne brasileira atende. “Continuaremos a promover os setores agrícolas brasileiros como fizemos no Brasil há quase 50 anos.” A empresa disse, por fim, que pretende trabalhar no que chamou de “parceria construtiva” tanto na França quanto no Brasil para promover “uma agricultura razoável e próspera”.
Comentário de CEO do Carrefour gerou onda de protestos no Brasil
“Em toda a França, ouvimos a consternação e a indignação dos agricultores face ao projeto de acordo de livre-comércio entre a UE (União Europeia) e o Mercosul; e consideramos o risco de repercussões negativas no mercado francês de comercializar um produto que não cumpra os requisitos e normas europeus”, escreveu Bompard em carta ao presidente da Federação Nacional dos Sindicatos dos Operadores Agrícolas da França, Arnaud Rousseau.
“Em resposta a esta preocupação, o Carrefour quer estar em conjunto com o mundo agrícola e está tomando o compromisso de não comercializar qualquer carne proveniente do Mercosul.”
No Brasil, a rede francesa de supermercados, que conta também com as marcas Atacadão e Sam’s Club, virou alvo de boicotes. Em “repúdio” à decisão na França, a Fhoresp (Federação de Hotéis, Bares e Restaurantes do Estado de São Paulo) recomendou que seus associados interrompam as compras nos estabelecimentos. A associação representa cerca de 500 empresas dos setores. Frigoríficos também deixaram de fornecer carne ao Carrefour brasileiro.
Fonte: UOL