O CEO do Grupo Carrefour, Noel Prioux, disse que ficou mais complexo entender a lógica do mercado a partir do momento no qual o consumidor virou omnichannel. Mas não é só isso. Segundo o executivo, o consumidor também criou hábitos fluídos, que migram com facilidade de um setor para o outro.
Nos EUA, lembra Prioux, o consumo fora de casa é mais importante que o dentro de casa. No Brasil, porém, a realidade oscila entra consumo no lar e em restaurantes a depender do momento econômico do país. O CEO revelou que o Carrefour tem procurado adaptar seu modelo de negócios acompanhando as mudanças no comportamento do consumidor.
Na França, por exemplo, ele destaca o fato de que o modelo Drive Thru em supermercados é popular há alguns anos, algo que não aconteceu no Brasil, pelo menos por enquanto. “Esse modelo na França foi exitoso e este ano deve chegar a 10% de todo consumo na França. Antes era de 8%. Uma loja que não tiver esse modelo na França está morta”, aponta Prioux.
Além da fluidez do comportamento do consumidor e suas características locais, o varejo supermercadista tem que lidar com a entrada de players alheios ao varejo e que, do dia para a noite, surgem como força poderosa no mercado. “Hoje, não sei quais são os competidores do Carrefour. Pode ser um restaurante, por exemplo. Pode ser o iFood”, afirma o executivo.
Walter Faria, conselheiro do varejo da Coca-Cola e ex-presidente do Grupo Martins, dono do Smart Supermercados, aponta que a crise econômica causou mudanças na lógica de comportamento dos brasileiros em relação ao consumo alimentar. A tendência de consumo fora de casa esfriou por conta da queda do poder de compra.
Esse fenômeno foi observado de perto pelo Grupo Martins, que atua há 50 anos no atacado e há 18 no varejo. A rede acabou fazendo o caminho inverso do Carrefour e do GPA ao sair do atacado e apostar no varejo local.
“Até 2013, a gente via tendência de consumo fora do lar, pós-crise, isso caiu porque se voltou a consumir no lar, então essa é uma grande oportunidade de crescimento do segmento de supermercado”, aponta Faria.
Polarização do varejo supermercadista
Faria diz que o segmento vive uma “polarização”. De um lado, o apelo ao preço baixo, oferecido pelo atacarejo, e, do outro, a comodidade e variedade de itens dos supermercados de proximidade. Mas essa lógica tem encontrado uma dificuldade, a variedade do mix de produtos nos mercados de bairro por conta das dificuldades logísticas.
O executivo aponta que o tíquete médio das lojas da rede é de 32 reais, muito abaixo da média do mercado, e que a solução para a ampliação desses ganhos é a inclusão de novos produtos. Porém, o desafio logístico é enorme. “Nos últimos dez anos, estamos no pior momento do nível de serviço. Temos poucas indústrias preparadas. O desafio de não deixar faltar produto é muito grave”, alerta Faria.
Fonte: Novarejo