O grupo francês Carrefour vai acelerar a abertura de minimercados no Brasil neste ano, com cerca de 70 novas unidades da bandeira Express previstas, disse ontem, em Paris, Georges Plassat, CEO da companhia.
O executivo se diz “confiante” em relação à economia brasileira, que tende, na sua avaliação, a se recuperar em um cenário com mais estabilidade política. O Brasil, segundo o executivo, representa “um belo negócio, que dá entusiasmo.”
A entrada em bolsa da filial brasileira, prevista para meados deste ano, deve reforçar a presença do Carrefour no país e “dotar a companhia dos meios financeiros necessários à sua expansão”, ressalta Plassat. Parte dos recursos do IPO (oferta inicial de ações) será utilizada para reduzir a dívida da companhia no país, afirma Pierre-Jean Sivignon, diretor financeiro do grupo, sem informar o montante da dívida.
O Carrefour prevê manter em 2017 o mesmo nível de investimentos realizado no país no ano passado. Em 2016, pouco mais de € 500 milhões foram destinados à América Latina (Brasil e Argentina). O Brasil – o segundo maior mercado mundial do Carrefour e que representa cerca de 16% da receita global – recebeu a maior parte dos recursos investidos na região. Globalmente, haverá uma leve diminuição dos investimentos neste ano: € 2,4 bilhões contra € 2,5 bilhões em 2016.
A varejista também vai continuar a expansão da rede Atacadão, cujas lojas começarão a ser renovadas, como já vem sendo feito com os hipermercados no Brasil, com processo em fase avançada.
Na apresentação do balanço anual, ontem, em Paris, o Carrefour destacou o “excelente crescimento” das vendas no Brasil em 2016. O Brasil totalizou cerca de € 12 bilhões da receita total de € 14,5 bilhões na América Latina, onde houve crescimento de 13,5%, de acordo com o critério de mesmo número de lojas.
Já a Argentina teve fraco desempenho, com impacto nas margens do grupo. “A cada cinco ou seis anos há na Argentina efeitos elásticos que levam o país para o fundo do poço”, comenta Plassat.
O CEO foi questionado ontem, na apresentação do balanço, sobre sua sucessão. Lançado no fim do ano passado, o assunto vem movimentando a imprensa francesa. Seu mandato termina em maio de 2018. Plassat afirmou preferir que o futuro presidente mundial seja alguém que já trabalhe no Carrefour.
“Minha preferência é por uma solução interna, o que permite evitar rupturas violentas na estratégia, ligadas a apreciações abruptas do modelo da empresa”, declarou, ressaltando que a escolha será feita pelos acionistas. Isso inclui Abilio Diniz, que possui 8% do capital do grupo francês.
Plassat não indicou quando seu sucessor poderá ser escolhido. Entre os nomes “internos” comentados pela imprensa francesa, estão os diretores executivos do Carrefour na França, Noël Prioux, na China, Thierry Garnier, e na Espanha, Pascal Clouzard.
O Carrefour registrou aumento nas vendas pelo quinto ano consecutivo, de € 79 bilhões, com crescimento de 2,7%. Mas a performance, principalmente na França (quase 47% da receita global), decepcionou o mercado. Na França, o lucro operacional teve queda de 13,4%. As ações do grupo caíram ontem 4%, a maior baixa da bolsa de Paris.
Em 2017, o grupo prevê aumento entre 3% e 5% as vendas globais. A abertura de minimercados como a rede Express no Brasil, com áreas que vão de 200 m2 a 900 m2 , faz parte da estratégia global do Carrefour. “O centro de gravidade se desloca para as lojas de proximidade”, destaca Plassat, se referindo ao fato de que os hipermercados representam hoje 51% da receita contra 58% há cinco anos.
“Os hipermercados ainda têm futuro, mas um pouco menos do que no passado”, afirma o CEO. O Carrefour optou pelo modelo “compacto”, com cerca de 6 mil m2 de área de vendas, na abertura de lojas desse tipo, quase a metade do tamanho habitual de seus hipermercados.
Plassat afirma que a varejista vai focar também na venda de alimentos (que representa 83% da receita) e no comércio on-line, que deve triplicar e atingir € 4 bilhões em 2020.
Fonte: Valor Econômico