Está em andamento o processo de sucessão do executivo Georges Plassat, CEO mundial do Carrefour. E o anúncio do substituto pode acontecer ainda em 2017, conforme antecipado ontem pelo Valor PRO. Um dos nomes considerados fortes, e em análise pelos acionistas, é o do executivo-chefe da Best Buy, Hubert Joly, apurou o Valor.
A princípio, a expectativa era que Plassat deixasse o cargo em maio de 2018, aos 69 anos. Mas é considerada a hipótese de Plassat e o novo executivo escolhido trabalharem juntos por alguns meses ainda neste ano, para que seja feita uma transição mais suave.
Segundo uma fonte a par do assunto, há possibilidade de o novo CEO ser anunciado no primeiro semestre – antes das aberturas de capital do Carrefour no Brasil e do braço de imóveis comerciais na França. Ambos IPOs estão previstos para este ano.
O maior acionista do Carrefour, a família Moulin, representada no conselho de administração por Philippe Houzé, tem demonstrado que prefere acelerar a saída de Plassat. Houzé, e outros acionistas, também querem analisar candidatos de fora da companhia. Mas Plassat teria deixado claro aos controladores que gostaria de ser substituído por um executivo de dentro da Carrefour. O jornal “La Tribune” informou, semanas atrás, a preferência de Plassat por uma solução interna.
O site “BFM Business” mencionou em dezembro que tem circulado na empresa os nomes de Pierre Bouchut, ex-diretor financeiro do Carrefour, e Bernardo Incera, ex-presidente do Monoprix, varejista de alimentos e de roupas do Casino. Segundo o jornal “Les Echos”, a empresa Egon Zehnder foi contratada no ano passado para buscar candidatos.
O CEO da Best Buy, Hubert Joly – eleito pela imprensa americana como o CEO de destaque de 2016 nos EUA – tem a seu favor os bons resultados alcançados na rede. Joly reestruturou a Best Buy, cujas vendas melhoraram, recuperando o valor da empresa. Uma fonte disse ao Valor que um dos pontos negativos de Joly é a falta de experiência na área alimentar.
Uma das razões para antecipar a mudança na linha de frente do Carrefour é “destravar” o preço das ações do grupo, que teve forte recuperação após a entrada de Plassat na empresa, em 2012, mas desde abril de 2016 não supera €25. Um dos picos do papel foi em abril de 2015, quando atingiu €32,80. As ações do Carrefour caíram 4,7% de um ano para cá.
A entrada de um novo CEO poderia reforçar ao mercado o plano dos controladores de transformar o grupo francês em uma rede realmente global, e a percepção de que a empresa é arrojada e inovadora. Dentro dessa ideia, faria sentido a escolha de um CEO com nome forte, diz uma fonte ouvida ontem.
A definição virá, no fim das contas, dos três maiores sócios da empresa, com votos necessários para decidir – a família Moulin, com 11,5% das ações, o Groupe Arnault com 8,95 % e o empresário brasileiro Abilio Diniz, com 8%.
Oficialmente, a respeito do assunto, a empresa não comenta informações sobre a sucessão de Plassat. E informa, como já anunciado, que o mandato de Plassat termina em maio de 2018.
Ainda ontem, após publicar dados de vendas do quarto trimestre de 2016, a empresa confirmou que os IPOs no Brasil e do braço de imóveis na França estão programados para 2017.
No mundo, o Carrefour registrou um avanço de 4,2% nas vendas de outubro a dezembro, para €23,4 bilhões, em relação ao ano anterior. Em 2016, as vendas recuaram 0,7%, para €85,7 bilhões. A América Latina ajudou a sustentar a alta, especialmente os resultados no Brasil (ver ao lado). Mas a operação na Ásia perdeu força, com recuo de 4,9% na receita.
Fonte: Valor Econômico