Empresa acredita que saída de rivais e crescimento do atacarejo deixem mais espaço para consolidação de market share
Por Alessandra Morita
“O fato de outros players do mercado terem deixado de investir no formato faz com que tenhamos ainda mais espaço para consolidar nossa participação, que já vem acontecendo com contínuos ganhos de marketshare, mantendo um bom nível de serviço e ajustando sortimento e preço”. A afirmação é Geraldo Monteiro, diretor de operações do Carrefour Brasil. A aposta se concretiza numa campanha, intitulada “Vem fazer Carrefour”, que acaba de ser lançada para reforçar a importância do formato na vida dos brasileiros.
Mas a saída de um dos principais concorrentes, o Extra Hiper, do formato é o suficiente para garantir a migração dos consumidores para a companhia? O que faz o Carrefour apostar num modelo que vem sendo colocado em xeque de maneira mais contundente pelos atacarejos nos últimos anos?
O dinamismo do mercado não facilita uma resposta a essas duas perguntas. Mas, no que se refere ao avanço do cash & cash, a briga não vai ser fácil, a considerar o apetite dos players. Conforme matéria de capa da edição de dezembro da SA Varejo sobre o futuro do atacarejo, competidores como Assaí e Grupo Mateus ainda veem um horizonte de cinco anos de forte crescimento do modelo.
Análise do banco de investimentos CreditSuisse indica que esse horizonte faz sentido. De acordo com a instituição, ainda existe espaço para 420 novos atacarejos no País nesse período de cinco anos. A concorrência é acirrada também pelas redes regionais, responsáveis, conforme outro estudo, desta vez do Itaú BBA, apontando que essas empresas responderam por 74% das unidades de cash &carry que surgiram nos últimos dois anos.
Já sobre a aposta do Carrefour no hipermercado, até o final do terceiro trimestre de 2021, a companhia contava com 100 unidades do modelo, praticamente o dobro dos 53 supermercados operados pela empresa, sendo, portanto, o principal responsável pelo faturamento de 2021 da divisão de varejo até aquele momento (R$ 14 bilhões, excluindo-se a venda dos postos de combustíveis). A título de referência, o segmento de atacarejo da companhia somou 250 filiais no final do ano passado. E, de janeiro a setembro de 2021, alcançou uma receita de R$ 42,3 bilhões.
Segundo Stéphane Maquaire, CEO do Carrefour Brasil, em teleconferência de resultados do 3º trimestre de 2021, a companhia conta, no varejo, com “formatos bem posicionados olhando para os clientes e bem posicionados quando se olha o nível de preços”. “Vejo nossa força dentro do multivarejo, que temos hipermercados, supermercados e proximidade. A resposta sempre estará na nossa capacidade de ouvir bem os nossos clientes e mudar nosso sortimento, com novos tamanhos, novas formas de entrada para este momento”, disse o executivo.
Na mesma ocasião, David Murciano, CFO da companhia, completou: “Temos uma retroalimentação de todo o nosso ecossistema. O hipermercado aporta valor ao banco, o banco aporta valor ao hipermercado, e isso cria valor a nível global, além da sinergia que temos com o Atacadão, também. E não estamos vendo só a curto prazo. Sabemos que, a longo prazo, o formato tem vantagens bem significativas”.
Os hipermercados se beneficiam ainda de outras iniciativas da companhia, como as marcas próprias. Esses produtos têm sido uma importante frente de diferenciação e evoluído a cada ano. Para se ter uma ideia, no final do terceiro trimestre do ano passado, eles representaram 18% das vendas do segmento de varejo da empresa, contra 15% do mesmo período de 2021 e 13% de 2019, segundo release de resultados divulgado pelo Carrefour.
Fonte: S.A. Varejo