A rede Carl’s Jr se prepara para relançar a marca no Brasil. Ela busca novos investidores ou franqueados para expandir a rede no país, depois de fechar algumas lojas.
A rede está no Brasil desde 2012, quando inaugurou uma loja no Aeroporto Internacional de Guarulhos, SP. O parceiro para este empreendimento é o grupo IMC, também responsável pelas marcas Viena, Frango Assado, Olive Garden e Red Lobster.
Nos anos seguintes, abriu outras duas unidades em São Paulo. No entanto, os restaurantes foram fechados e hoje restam apenas as duas unidades no aeroporto em São Paulo. “Por uma questão estratégica de racionalização de portfólio, optamos por operar a marca apenas em aeroportos, por descontinuamos com as unidades Carl’s Jr em shopping”, disse o IMC por e-mail.
“O grupo IMC mudou a sua estratégia e nossa parceria não saiu do jeito que queríamos”, afirmou Marc Marc Mushkin, vice-presidente de expansão internacional da Carl’s Jr, em entrevista à EXAME.com. “Por isso, estamos ativamente procurando novos parceiros e investidores da marca no país”, afirmou ele, no Brasil para o Fórum de Franquias.
A rede de fast food contratou a consultoria do Grupo Bittencourt, que tem entre seus clientes redes como Dunkin’ Donuts, Femsa e Cacau Show, para encontrar franqueados interessados em expandir a marca no Brasil.
As duas lojas do aeroporto continuarão sendo operadas pelo grupo IMC, mas “nosso objetivo é expandir para outras regiões e formatos”, como lojas de rua e em shopping centers, disse o diretor.
O grupo ainda não decidiu o modelo de parceria, se irá optar por um máster franqueado para todo o país ou se escolherá investidores regionais. O Japão tem apenas um franqueado, por exemplo, enquanto o México tem 23 franqueados diferentes. O grupo hoje está em 44 países, com 1.200 unidades pelo mundo.
Desafios e oportunidades
Fazer negócios no Brasil tem seus obstáculos, diz Mushkin, mas ele acredita que sua experiência com expansão internacional o ajuda a colocar as questões em perspectiva.
Entre os desafios que a rede enfrenta está a competição. O McDonald’s, por exemplo, tem 900 unidades no país, o Burger King tem 480 e o Bob’s, mais de 1.100. Mushkin permanece otimista. “Não acredito que, em termos de competição, o Brasil será um país mais desafiador do que a China ou Índia”, afirmou.
Se os competidores já têm centenas de lojas, diz ele, há potencial para abrir dezenas ou até centenas de unidades da Carl’s Jr. “Estamos estudando cada região para entender o potencial, mas precisamos entrar no mercado com objetivos realistas”, afirmou.
O executivo também não se preocupa tanto com a crise econômica ou futuros revezes da economia. “Estamos muito conscientes dos altos e baixos da economia do Brasil, mas temos uma visão à longo prazo de crescimento”, diz. Como exemplo, ele cita o México, país no qual a marca está há 25 anos e que, ao lado do Brasil, é um dos maiores países da América Latina. Apesar dos momentos de crise e desvalorização da moeda, a rede cresce cerca de 15% ao ano no país.
Em relação à infraestrutura, entrave bastante mencionado por empresas internacionais que vêm ao Brasil, ele diz: “temos as mesmas dificuldades no Brasil que vivemos no México, Austrália, China e Índia”.
Diferenças regionais
Para o diretor, o maior desafio é o tamanho do Brasil. Segundo ele, as regiões são muito distintas entre si, tanto em termos de mercado quanto de paladar. Por isso, “o ideal é encontrarmos parceiros regionais, com experiências locais”, diz, modelo que é usado na Austrália, por exemplo.
Por conta do tamanho e das diferenças regionais, é difícil adequar os hambúrgueres ao paladar local sem perder suas características, como a carne em si. Para se adequar ao sabor do país, os acompanhamentos e ingredientes podem ser alterados.
No entanto, em alguns países o menu sofreu muitas mudanças. A Índia, por exemplo, é um dos países mais difíceis para a expansão de uma rede de hambúrgueres, diz o vice-presidente.
Alguns hindus não comem carne de vaca e muçulmanos evitam carne de porco. Então o cardápio da rede de fast food precisou ser completamente alterado e a entrada no país asiático levou dois anos.
Fonte: Exame