Mais de 7 mil toneladas de café em cápsulas foram vendidas no Brasil no ano passado. O descarte desses produtos, cuja reciclagem é difícil por conta da mistura de alumínio e plástico, ainda é um desafio para o setor. A Nescafé Dolce Gusto, da Nestlé, começou neste mês um projeto piloto para a coleta em cinco lojas da rede de supermercados Pão de Pão de Açúcar. A iniciativa é a primeira da empresa no varejo alimentar brasileiro.
Antes, o recolhimento das cápsulas era feita em quatro lojas da empresa de utensílios culinários Home & Cook, na cidade de São Paulo.
Por enquanto, uma loja do Pão de Açúcar em Curitiba, três na cidade de São Paulo e uma no Rio de Janeiro fazem o recolhimento das cápsulas. As embalagens são transformadas em uma resina plástica para a elaboração de novos produtos, como o porta-cápsulas Renove, o primeiro artigo da marca feito com materiais totalmente reciclados.
A Nescafé afirma estar trabalhando para a expansão gradual da instalação de postos que facilitem o descarte. A fábrica da empresa em Montes Claros (MG) já adota um sistema em que nenhum resíduo é enviado a aterros. A água utilizada na fábrica é proveniente de reuso e tem como origem o volume extraído durante o processamento de leite na unidade de Leite Moça. Os resíduos da limpeza do café vão para compostagem e as sobras de matérias-primas de cápsulas e embalagens são recicladas ou usadas para a geração de energia em outras indústrias.
O mercado de café em cápsula saltou de R$ 19 milhões em 2005 para R$ 1,4 bilhão em 2015, segundo a Euromonitor, mas o crescimento não foi acompanhado pela reciclagem. O tema é polêmico não apenas no Brasil. Hamburgo, a segunda maior cidade da Alemanha, proibiu a compra de cápsulas de café por repartições públicas em janeiro deste ano. Segundo a cidade, essas pequenas embalagens causam gastos desnecessários e geram resíduos que, geralmente, contêm alumínio e poluente.