Em dois anos, programa contribuiu para queda de 17 pontos percentuais no índice de rotatividade de funcionários no RJ
Há dois anos em andamento no Rio de Janeiro, o projeto Loja Formadora, do GPA, acaba de chegar a São Paulo. Trata-se de um programa extensivo de capacitação voltado a funcionários recém-contratados e à reciclagem do pessoal mais antigo das lojas. O objetivo é melhorar o atendimento ao público, padronizar processos e, assim, tornar as equipes operacionais mais eficientes e produtivas. Os participantes só começam a trabalhar efetivamente após receberem o diploma do curso. Em São Paulo, a iniciativa contempla os colaboradores dos supermercados Pão de Açúcar e das lojas de proximidade Minuto Pão de Açúcar.
Quase 130 lojas da capital paulista serão beneficiadas em um primeiro momento. A meta é formar cerca de 320 profissionais por mês e aproximadamente seis mil em dois anos. O objetivo é expandir o atendimento a outras cidades do Estado. No Rio, já foram mais de 22 unidades, praticamente todas da bandeira Pão de Açúcar, e um total de três mil colaboradores capacitados. Segundo Marcos Rogério Femea, diretor de operações (SP/PR) do Grupo, nesses dois anos, o turnover nas lojas fluminenses atendidas pelo programa caiu de 61% para 44%. O nível de engajamento das equipes subiu de 37% para 64%. “Pedidos de demissão que eram comuns antes de o funcionário completar um ano de casa já não ocorrem com tanta frequência. Também melhorou o índice de satisfação dos clientes com o atendimento”, afirma.
Embora reconheça que a crise econômica tenha contribuído, Marcos Rogério garante que o Loja Formadora foi o principal fator para a queda da rotatividade. De acordo com ele, os treinamentos para recém-contratados duram seis dias. Antes eram apenas dois. Durante esse período, os participantes têm contato direto com a cultura da empresa. “Eles aprendem a importância do seu papel para o bom desempenho de tarefas dos colegas, da loja e do Grupo todo. Com isso, o envolvimento com o negócio é maior”, explica Marcos.
Para o executivo, outra vantagem do programa é oferecer uma capacitação transacional. Ou seja, se antes os funcionários eram treinados apenas nas tarefas que iriam executar, agora entendem como funciona toda a operação de um supermercado: atendimento, recebimento, conferência, estocagem, exposição e reposição de mercadorias, além de regras sanitárias. “Só depois ensinamos as atividades específicas de um açougueiro, padeiro, confeiteiro, operador de caixa etc”, diz o diretor de operações do GPA. Dessa forma, os colaboradores se tornam mais eficientes.
O processo de treinamento ocorre em lojas com estrutura de sala de aula. No Rio de Janeiro, há uma filial. Em São Paulo, duas – uma de cada bandeira na capital. Há 10 líderes treinadores por turma, que conta com cerca de 50 alunos. Eles acompanham as aulas práticas na área de vendas, evitando que os funcionários da unidade interrompam suas atividades para tirar dúvidas dos alunos. No fim do curso, os participantes fazem uma avaliação. Se forem aprovados, têm direito a formatura e diploma e são alocados para trabalhar em loja. Caso contrário, é preciso refazer o módulo no qual teve dificuldade.
“Quando percebemos, durante a capacitação, que falta aptidão para determinada tarefa, o aluno é realocado para outra atividade. Ele só é desligado se não houver alternativa. Com esse procedimento, reduzimos contratações equivocadas”, diz o diretor de operações. O participante já entra no Loja Formadora sabendo como funciona todo o processo e ciente de cada etapa a ser cumprida. Além de evitar contratempo, a iniciativa contribui para a adesão e sucesso do programa.