A Arezzo informou que teve desempenho “muito bom” no quarto trimestre de 2019 e que espera ter resultado ainda melhor em vendas no mercado interno neste ano. “Desde a Black Friday, a Arezzo teve crescimento contínuo nas vendas. Começamos 2020 com crescimento ainda maior”, afirmou Alexandre Birman, presidente da Arezzo, sem revelar números.
O empresário não está isolado em suas previsões. A indústria calçadista trabalha com perspectiva de crescimento de até 7% em vendas em 2020, em comparação com o ano passado, disse Airton Manoel Dias, diretor do comitê de varejo da Couromoda, durante abertura da 47a edição da feira, que começou ontem e vai amanhã, em São Paulo.
“Se o PIB brasileiro crescer na faixa de 2% a 2,5%, o setor calçadista terá condição de crescer à ordem de 7%, ante um crescimento de 2% a 3% no ano passado”, afirmou o executivo.
Caetano Bianco Neto, presidente do conselho deliberativo da Associação Brasileira das Indústrias de Calçados (Abicalçados), disse que as empresas estão entusiasmadas com a demanda apresentada pelo varejo desde o fim do ano. O executivo disse que espera bons resultados da Couromoda, feira considerada termômetro para o setor calçadista e que responde por cerca de 35% das vendas do setor no ano.
Jeferson Santos, diretor-geral da
Couromoda, disse esperar crescimento de 5% no número de visitantes neste ano. “Não falo em otimismo, mas em confiança. Em 2019, o setor começou com otimismo, mas depois o mercado teve desempenho mais fraco que o esperado. Neste ano o setor está confiante de que haverá melhora, graças às perspectivas de estabilização nos juros, inflação mais baixa, menor nível de desemprego e melhora nos índices de confiança dos consumidores”, afirmou Santos.
O executivo disse que o varejo voltou a fazer encomendas à indústria logo após o Natal, o que não ocorreu nos anos anteriores. Acrescentou que foram abertos 12 shopping centers no país em 2019 e que há estimativa de abertura de mais 30 até 2022, o que pode ser visto como sinal de confiança do varejo na economia.
Santos estima para o setor calçadista aumento de 2,5% na produção neste ano, ante 1,8% em 2019, quando a produção chegou a 960 milhões de pares. Para o varejo, ele prevê aumento de 5% a 6% nas vendas, ante um crescimento em torno de 2% em 2019.
A Abicalçados divulga hoje os dados oficiais do setor em 2019 e as perspectivas para 2020.
A Couromoda apresenta 2 mil marcas brasileiras em um espaço de 15 mil metros quadrados. O primeiro dia da feira foi mais movimentado em comparação com a edição passada. Em alguns estandes havia filas de varejistas para fazer encomendas. Os fabricantes observaram que a procura é principalmente de redes multimarcas. Esse segmento do varejo apresentou queda em vendas entre 2015 e 2019 e, agora, dá sinais de reaquecimento da demanda.
A indústria também se mostra otimismo com a decisão dos governos de São Paulo e do Rio Grande do Sul de reduzir a alíquota de ICMS para o setor calçadista. Em São Paulo, a alíquota baixou de 7% para 3,5%. No Rio Grande do Sul, de 12% para 4%.
“A procura neste ano está maior que no ano passado. As multimarcas estão interessadas em comprar calçados de valor agregado mais alto; estou muito otimista com o que vejo até agora”, afirmou Roberto Barbosa, diretor comercial da Ferracini, com sede em Franca (SP). O executivo prevê 12% de crescimento nas vendas para o mercado interno neste ano, ante avanço de 4% em 2019.
A fabricante de calçados Pegada, de Dois Irmãos (RS), cuja receita anual é de R$ 330 milhões ao ano, espera crescer pouco mais de 10% em vendas neste ano, em relação a 2019. A Pegada inaugura nesta semana a segunda loja própria, no Shopping Ibirapuera, na zona sul de São Paulo. A empresa tem outra loja em Brasília. “A intenção é apresentar as coleções ao consumidor e fortalecer a marca”, disse Astor Ranft, presidente da Pegada.
Ranft disse ter visto melhora no consumo desde o fim do ano. “A confiança dos consumidores aumentou, o desemprego está menor”, observou. O executivo também afirmou que vê reação no varejo multimarcas.
Birman, presidente da Arezzo, completa a lista de empresários que veem melhora nas redes multimarcas. A companhia vende produtos para 2 mil lojas desse tipo no país. “O varejo multimarcas é mais sensível ao ambiente macroeconômico, e percebemos que houve uma melhora nesse segmento”, disse o executivo. O presidente da Arezzo acrescentou que durante a feira recebe apenas redes multimarcas e importadores.
Birman afirmou que cerca de 80% das vendas da coleção de inverno da companhia são encomendadas até o fim de janeiro pelo varejo. A Arezzo apresentou na feira, ontem, uma de suas coleções de inverno. Entre as novidades estão botas e bolsas da marca Schutz feitas com 90% de material sustentável — uma fibra produzida a partir de garrafas PET retiradas do Oceano Pacífico.
Em relação às lojas franqueadas da Arezzo, ele afirmou que a empresa tem como plano abrir entre 70 e 75 lojas em 2020. No ano passado, a companhia atingiu 749 lojas em operação.
Birman informou que a Arezzo já começou a produzir e vender a marca Vans neste mês, o que vai representar uma nova receita para a companhia no primeiro trimestre em comparação com o mesmo intervalo de 2019. A marca é vendida para o varejo multimarcas, no site da Vans e em quatro lojas próprias. O executivo disse que manteve a sede da marca no antigo endereço, na zona sul da capital paulista, e contratou 100 pessoas para cuidar da Vans.
Fonte: Valor Econômico