A Santo Grão deixará de ser ‘apenas’ uma rede de cafeterias. O grupo comandado pelo empresário neozelandês Marco Kerkmeester vai investir na torrefação de café. O objetivo é fornecer o produto de qualidade superior para as lojas da rede, e também para terceiros.
Em entrevista, Kerkmeester, proprietário da Santo Grão, afirmou que investirá R$ 1 milhão em parceria com Fernando Dourado – primeiro funcionário da empresa e sócio da unidade de Curitiba -, em uma torrefação em Cotia, na Grande São Paulo. A expectativa é que a torrefadora, batizada de Experientia, comece a operar em junho.
O investimento deve ajudar a Santo Grão a ampliar o faturamento. Kerkmeester projeta que as vendas da companhia aumentem 7% neste ano, para R$ 39 milhões, em um ritmo de crescimento semelhante ao do ano passado.
Na torrefadora de Cotia, a Santo Grão terá capacidade para processar cerca de 20 toneladas por mês, sendo seis toneladas para todas as lojas da rede. “No momento, grande parte da nossa torrefação é terceirizada, mas esse investimento deverá aprimorar a qualidade do café”, acrescentou Kerkmeester.
Segundo o empresário, a renomada barista Silvia Magalhães, a rede de franquias Mr. Cheney, além da Santo Grão, serão os primeiros clientes da torrefação. “A ideia é unir as empresas para compartilhar conhecimento”, disse.
Além do investimento na torrefação, a Santo Grão injetará cerca de R$ 1 milhões em duas novas cafeterias, na capital paulista, com inauguração prevista para maio. Atualmente, a rede tem sete lojas em São Paulo e uma em Curitiba.
De acordo com Kerkmeester, uma das novas cafeterias, no bairro paulistano da Vila Madalena, será a primeira loja da Santo Grão que contará com um coworking (compartilhamento de espaço). “O ambiente facilitará a troca de contatos entre os empreendedores”, disse.
A inspiração para o coworking veio de uma visita que o empresário fez a uma cafeteria na Nova Zelândia, onde voltou a morar neste ano depois de 15 anos residindo no Brasil. “Os serviços que os usuários oferecem estão listados nas paredes e as pessoas buscam o que precisam”, contou.
No processo de expansão, Kerkmeester considera outros modelos, como as franquias. As lojas da rede são comandadas por ex-funcionários que viraram sócios. O empresário está otimista com as perspectivas para o negócio. Em 2018, a rede vendeu 50 mil quilos de café.
Para 2019, o empresário espera aumentar as vendas a uma taxa superior à média de crescimento do mercado nacional. De acordo com ele, as vendas de café no país vêm crescendo mais de 3% ao ano.
“Temos um cenário muito melhor para negócios neste ano. Em janeiro, crescemos 14% nas lojas já existentes”, afirmou. O ânimo de Kerkmeester, está amparado no novo governo que, segundo ele, deve estimular a geração de empregos e o consumo.
Apesar da fraqueza da economia brasileira, o mercado nacional de café não tem do que reclamar. O consumo aumentou 4,8% entre novembro de 2017 e outubro de 2018, para 21 milhões de sacas de 60 quilos, segundo a Associação Brasileira das Indústrias de café (Abic). Além disso, o preço médio do café torrado e moído aumentou 37% entre janeiro de 2017 e fevereiro de 2018.
Fonte: Valor Econômico