Varejista de moda passou a integrar a base de dados nas lojas virtual e física para acompanhar de perto cada processo de compra, e o reflexo já foi sentido: em algumas regiões avanço chega a 30%
Os investimentos da varejista de moda C&A na integração dos canais e na melhoria da experiência nas lojas já trouxe resultado em termos de conversão de vendas, de acordo com o presidente da rede, Paulo Correa. O movimento compensa o fluxo fraco nas lojas e sustenta a perspectiva de crescimento para o faturamento da companhia neste ano.
A modalidade ‘clique e retire’, por exemplo, que permite que o consumidor compre o produto no e-commerce e retire na loja física, “gerou nível interessante de conversão no momento em que o consumidor vai retirar o produto”, diz ele. Em algumas regiões, conta o empresário, até 30% das vendas feitas através do serviço geram compras adicionais na hora da retirada. A média de conversão vista pela empresa com a solução gira em torno de 20%
“Todo esse trabalho [de investir na integração dos canais, na melhoria da experiência na loja e na mudança da proposta da marca] vai justamente nesse sentido de aumentar a conversão nos pontos de venda, e claramente já estamos sentindo os resultados da estratégia”, diz Correa ao DCI, durante a Feira Brasileira de Varejo (FBV), realizada em Porto Alegre (RS).
Em 2016, explica, com a queda do fluxo de clientes no varejo como um todo, o foco da empresa foi maior em converter vendas do que em elevar visitas. “Este ano o fluxo estabilizou, então todo o trabalho de conversão começou a gerar de fato crescimento”, afirma.
Ainda sobre o fluxo no setor, ele acrescenta que o nível de visitas as lojas só voltou a retrair este ano nas semanas subsequentes as delações da JBS, no final de maio. “Naquelas semanas sentimos uma retração do fluxo, mas agora já voltamos a ver a retomada.”
Diante do cenário, a perspectiva daqui para frente é que o desempenho melhore, terminando o ano com alta no faturamento, ante a 2016.
“Conseguimos crescer em 2016, e este ano estamos indo pelo mesmo caminho”, afirma. “Estamos com uma perspectiva super positiva, porque independente do fluxo, temos feito a nossa proposta de marca melhorar, e é isso que vem trazendo crescimento para a C&A”, disse, sem revelar números sobre o crescimento.
Para o ano que vem, Correa afirma que outro ponto que deve impactar positivamente na empresa e no varejo como um todo é a reforma trabalhista, aprovada ontem no Senado e que deve levar mais 120 dias para ser regulamentada e entrar em vigor.
Experiência na loja
Além do ‘clique e retire’, outra solução que estimulou a conversão de vendas é o que o presidente da C&A chama de ‘consultor do provador’. Basicamente, a varejista instalou botões dentro dos provadores, para que o consumidor possa chamar com facilidade um assistente. “Começamos a testar em algumas lojas, mas já há resultados interessantes, porque elevou a conversão no ponto de venda.”
Outra aposta da empresa são os wearables (ou tecnologias vestíveis). “Esse é outro movimento que estamos em fase de testes, colocando o pé na água. Queremos encontrar ideias fora da caixa de como levar a tecnologia ao produto.”
Em relação a integração dos canais, um ponto considerado fundamental pelo empresário diz respeito à jornada do consumidor. Segundo ele, a empresa trabalha para integrar dados da loja física, e-commerce, cartões, etc, e fazer com essas bases ‘dialoguem’ entre si. “Não dá para chegar no ponto de venda e toda a jornada que o consumidor teve no on-line ser ignorada. Seria como começar de novo.”
O novo posicionamento estratégico da varejista de moda, que começou a ser implementado há cerca de 18 meses, tem muito a ver – além das mudanças imposta pelas próprias transformações do consumo – com uma necessidade de novas formas de avançar.
“Crescimento tem duas vertentes: uma tem a ver com a situação macroeconômica, e neste momento este motor está desligado; mas tem outra, que eu chamo do motor da relevância, que é cada dia seu produto e serviço se tornar mais relevante”, finaliza ele .
Fonte: DCI