O modelo de negócio da rede prevê contratos de franquia que podem chegar a 20 anos, prorrogáveis por mais 20
Por Paulo Gratão
Uma das 199 marcas estreantes na feira de franquias ABF Franchising Expo, que acontece em São Paulo até o próximo dia 25 de junho, é a veterana Burger King, operada pela máster-franquia Zamp (ex-BK Brasil). A marca trabalha com franqueados no Brasil desde a chegada ao país, em 2004. No início da última década, porém, recuou, recomprando cerca de 100 lojas. A expansão foi retomada no pré-IPO, em 2016, com uma diretoria específica para acompanhamento dessas unidades.
Hoje, 209 dos quase 900 restaurantes da marca estão nas mãos de cerca de 50 franqueados. O objetivo é trazer mais empreendedores para o sistema para operar metade das 70 a 90 inaugurações previstas para este ano. Os modelos disponíveis para investimento são o food court (para praças de alimentação), que demanda um investimento a partir de R$ 2,5 milhões; o Free Standing, que são restaurantes de rua com drive-thru e estacionamento, com aporte a partir de R$ 4,5 milhões; e os quiosques, que custam a partir de R$ 300 mil — estes últimos destinados a quem já tem uma loja completa.
De acordo com Fábio Alves, VP de desenvolvimento do grupo, a empresa acredita que o formato ideal de franquias seja a liderança pelo exemplo. Por essa razão, investiu fortemente em lojas próprias antes de franquias. “Eu preciso vender no meu restaurante e mostrar que dá para operar daquela forma antes de levar para o franqueado”, diz.
Essa cautela também tem sido adotada antes de levar a outra marca do grupo, Popeyes, para o franchising. Atualmente, a rede especializada em frango frito tem 53 restaurantes próprios, e Alves admite que existe um desejo de crescer com franqueados, mas ainda não há uma data para isso. “Entendemos que há oportunidade, muitos franqueados que trabalham conosco já estão ansiosos, mas queremos avaliar e entender bem o modelo de operação para ter consistência.”
A ghost kitchen híbrida de Burger King e Popeyes, inaugurada em São Paulo, em 2020 também não tem planos de ser franqueada. “Sem chances agora. Sabemos que outras marcas fazem e que dá certo, mas, para nós, ainda é muito novo e, novamente, precisamos deixar o modelo completamente pronto antes de pensar em franquear.” De acordo com ele, o modelo tem ajudado os restaurantes no entorno da avenida Paulista a melhorarem a experiência no atendimento presencial. Uma segunda unidade própria da dark kitchen está sendo estudada no Rio de Janeiro.
O perfil de franqueados que a empresa busca para ajudar a compor o sistema é o de operador do negócio, que esteja à frente do restaurante. “Gostamos de empreendedor que é dono, não apenas investidor. Temos toda uma avaliação cultural dentro da companhia para entender se ele tem o perfil. Se não vai ser um sócio nosso, não vai poder ser um franqueado.”
Essa avaliação criteriosa, de acordo com Alves, é porque o modelo de negócio da franquia do Burger King é de longo prazo, com contratos de franquia que podem chegar a 20 anos, prorrogáveis por mais 20. A lei do setor não estipula um tempo mínimo ou máximo para o contrato, mas especialistas apontam que o comum é que as redes adotem cerca de cinco anos.
O período mais extenso de contrato gera alguns inevitáveis repasses de loja ao longo do tempo, de acordo com o executivo. Alves assegura, porém, que o mais comum é o repasse unidades próprias para franqueados, e não desistência dos empreendedores. “Franquia não é um mar de rosas. O setor passou por muitas dificuldades nesse período, mas acreditamos que uma marca forte, com estrutura e um franqueado preparado fez toda a diferença.”
Fonte: GiroNews