Em busca de uma saída para sua difícil situação financeira, a rede de farmácias BR Pharma apresentou na noite de segunda sua proposta de reestruturação. O plano é ficar apenas com a rede de franquias Farmais, que hoje tem 443 unidades em nove Estados. E, para pagar credores, a empresa quer vender os pontos comerciais e as poucas farmácias próprias que sobraram das redes Big Ben e Santana, encerrando a operação própria da companhia.
A empresa está nas mãos da Lyon Capital – de Paulo Remy, ex-presidente da W/Torre – desde abril de 2017, quando os sócios do BTG Pactual decidiram sair de vez do negócio após dificuldades em fazer a BR Pharma decolar mesmo em meio ao crescimento vigoroso de redes como Raia Drogasil.
A Lyon, que adquiriu a BR Pharma pelo valor simbólico de R$ 1 mil e ainda tomou empréstimo de R$ 883 milhões do BTG, não conseguiu reestruturar o negócio. Enfrentando ações de despejo em farmácias da rede, entrou em recuperação judicial em janeiro. Depois disso, os sócios do BTG chegaram a aportar R$ 48 milhões na tentativa de dar fôlego à companhia, que segue com problemas.
Agora, o plano de recuperação propõe quitar apenas uma parte pequena do R$ 1,2 bilhão que a BR Pharma deve. A empresa pede desconto de 75% a 95% na dívida. Alternativamente, aos credores sem garantia, oferece pagamento em 30 anos. A Lyon também se movimenta na Justiça para tentar devolver a BR Pharma aos sócios do BTG.
De longe, os principais credores são os sócios do BTG Pactual, que criaram a empresa em 2009 e hoje cobram mais de R$ 900 milhões da rede de farmácias por meio da empresa de participações batizada de PPLA. Qualquer solução para a BR Pharma passará, portanto, por um acordo ou disputa entre a Lyon Capital e o banco.
Os sócios do BTG não têm intenção de voltar à empresa e já refutaram na Justiça os argumentos da Lyon – o pleito de devolução do ativo está pendente de decisão. A avaliação, por ora, é que os debates serão em torno do desconto da dívida, segundo fontes próximas ao banco. Já a Lyon deseja melhorar sua posição na negociação com seu principal credor, diz um interlocutor próximo às conversas.
Histórico conturbado. A BR Pharma foi formada pelos sócios do BTG em 2009 e chegou ao posto de maior rede de farmácias do País após fazer uma série de aquisições. A hoje quase abandonada Big Ben, do Pará, foi adquirida por mais de R$ 450 milhões em 2011.
Em 2012, começaram a aparecer problemas. Após prejuízos, os sócios do BTG iniciam o desmonte da companhia em 2015, com a venda da Mais Econômica e da Rosário. Os problemas crescendo e culminaram no repasse do negócio por R$ 1 mil e na recuperação judicial.
Na prática, Santana e Big Ben quase não existem mais após a BR Pharma fechar, na semana passada, 63 farmácias das duas redes. As marcas, porém, ainda têm valor, na avaliação da BR Pharma, e estarão na lista de ativos em busca de interessados.
Fonte: Panorama Farmacêutico