Por Redação | O cenário de alimentação fora de casa ou através de delivery no Brasil continua a apresentar resultados impressionantes, refletindo uma mudança significativa nos hábitos dos consumidores. De acordo com a pesquisa Consumer Eating Share Trends (Crest), realizada pelo Instituto Foodservice Brasil (IFB), os brasileiros gastaram aproximadamente R$ 61,4 bilhões em refeições fora de casa ou via delivery no segundo trimestre deste ano. Este valor representa um crescimento de 3% em comparação a 2023, estabelecendo um recorde histórico para o setor.
Com o aumento do PIB, comer fora se tornou uma prática cada vez mais comum. A variedade de opções, que vai de fast food e porções a lanches até refeições completas, atende a diferentes gostos e orçamentos, tornando essa tendência uma parte central do cotidiano. Dados do IBGE mostram que os brasileiros gastam cerca de 25% de sua renda com alimentação fora de casa ou delivery, evidenciando o apelo das refeições prontas e a demanda crescente por conveniência e qualidade.
O setor de foodservice, que abrange toda a cadeia de alimentação preparada fora de casa, tem alcançado ótimos resultados nos últimos anos e deve crescer em média 7% ao ano até 2028, segundo um estudo realizado pela Redirection International, com base nas informações oficiais do mercado e nas perspectivas macroeconômicas para os próximos três anos. De acordo com o estudo, o desempenho previsto está acima da média anual de aproximadamente 6% registrada entre 2014 e 2023 (levando-se em conta e normalizando a variação do setor do período pandêmico entre 2020 e 2022).
Segundo o IFB, em 2023, o mercado brasileiro era composto por aproximadamente 1,6 milhão de estabelecimentos em atividade, com faturamento de R$ 217,6 bilhões.
“O Brasil tem um dos cinco maiores mercados de foodservice do mundo e uma de suas características é a alta fragmentação, com muitos pequenos e médios negócios em funcionamento. Atualmente as 10 maiores redes de restaurantes do Brasil representam entre 10 e 12% do mercado, enquanto em países mais desenvolvidos, como nos EUA, essa participação chega mais perto de 30%. Por isso entendemos que há um grande espaço para consolidação do setor, o que deve impulsionar um aumento das atividades de fusão e aquisição nos próximos anos”, analisa o economista Adam Patterson, um dos responsáveis pelo estudo.
O crescimento populacional nos centros urbanos, ampliação da modalidade de delivery e a transformação digital do setor estão entre os principais fatores que estimulam os negócios, de acordo com o levantamento. Além disso, o aumento no consumo das famílias, a melhoria no índice de confiança do consumidor visto nos últimos meses e nos índices de emprego, também favorecem a expansão do segmento de alimentação fora de casa, que tem registrado uma participação cada vez maior de redes de franquias, bem como de Restaurantes de Serviço Completo (FSR), com presença das principais marcas do mercado em diferentes regiões do país.
Por outro lado, uma possível estagnação da economia pode segurar os investimentos no setor, que também tem que lidar com os altos custos operacionais e com as mudanças nos hábitos alimentares dos consumidores, que demandam mais resiliência dos empreendedores.
“Este setor está se beneficiando da grande população urbana do Brasil, do aumento da renda disponível e da crescente preferência por refeições prontas. Os principais propulsores incluem avanços tecnológicos, como plataformas de entrega e sistemas de pagamento digital, juntamente com mudanças em direção a opções de alimentos mais saudáveis. As perspectivas permanecem positivas, com potencial de expansão impulsionada por investimentos dos grandes grupos e franquias. No entanto, desafios como altos custos operacionais, contratações de mão de obra e pressões inflacionárias devem ser gerenciados para manter o ímpeto”, alerta.
O estudo aponta ainda que entre as tendências que devem estimular o crescimento do setor estão a implantação de soluções tecnológicas desde a cadeia de fornecimento até o atendimento ao cliente e a integração entre o físico e o digital, programas de fidelidade dos clientes, a busca por uma alimentação orgânica e mais saudável, bem como um aumento de preferência do consumidor por estabelecimentos socialmente responsáveis e ambientalmente sustentáveis, com políticas de desperdício zero.
Fonte: Monitor Mercantil