Depois de vendas ainda lentas em janeiro, o grupo Boticário, uma das maiores operações de produtos de beleza do país, registrou aceleração dos negócios em fevereiro e março. “Hoje temos um trimestre positivo na comparação com um ano antes, mas tem sido um início de ano bastante duro”, diz o sócio e presidente do grupo, Artur Grymbaum.
Em 2016, o grupo cresceu 7,5%, movimentando R$ 11,4 bilhões na venda de produtos no varejo físico, na internet e por catálogo. Neste ano, a queda da inflação e reajustes salariais um pouco acima dela criaram um espaço de consumo, mas ainda é pequeno. Ainda assim, o grupo prevê uma expansão para este ano mais forte do que a do ano passado.
Para Grymbaum, o impulso que falta para a economia girar está na recuperação do emprego, atrelada à aprovação das reformas trabalhista e da previdência. No curto prazo, ele conta com o Dia das Mães e o Dia dos Namorados, em maio e junho. Para atrair o consumidor, investiu em uma campanha publicitária, criada pela AlmapBBDO e que já está sendo veiculada. No ano passado, O Boticário investiu R$ 913,4 milhões em anúncios, segundo ranking dos maiores anunciantes do país elaborado pela Kantar Ibope Media.
Os investimentos em infraestrutura, como tecnologia da informação e abertura de lojas, estão orçados em R$ 150 milhões para este ano. No ano passado, foram aplicados R$ 126 milhões.
No varejo, a expectativa do comando do grupo neste ano é ter de 50 a 70 novas lojas. No ano passado, aproveitando a queda do preço da locação em shopping centers, foram abertas mais de 100 unidades. Em 2015 foram 75 e em 2014, 120.
No total, o grupo, dono de quatro bandeiras, tem pouco mais de 4 mil pontos de venda, sendo 3,8 mil nas mãos de franqueados – a rede O Boticário tem pouco mais de 3,7 mil lojas e a Quem Disse Berenice?, especializada em maquiagem, 202.
As marcas Eudora, com foco em vendas diretas, e The Beauty Box, que comercializa diversas marcas (não apenas do grupo), são operações próprias, sem franqueados. A primeira tem 15 quiosques e 32 centros de serviços; e a segunda, 52 lojas.
Em abril, o deputado federal André Amaral (PMDB-PB) abriu um processo no Conselho Administrativo de Defesa Econômica (Cade), acusando o grupo de impor regras que forçavam o descredenciamento dos franqueados.
Segundo Grymbaum, nos últimos três anos a média de repasses de lojas é inferior a 5% dos 900 franqueados no país. Os descredenciamentos representam 0,5% dos repasses. “No ano passado o patamar de repasses foi mais intenso, por conta da situação pela qual passa o país”, diz Grymbaum.
O setor de higiene pessoal e beleza encolheu 6% em 2016, para R$ 45 bilhões, segundo a Abihpec, a associação do setor. O Boticário cresceu, diz Grymbaum, devido à diversidade dos negócios. Com as quatro bandeiras de lojas, o grupo acessa públicos de diferentes gostos e níveis de renda. A Eudora surgiu em 2011 e, um ano depois, foram lançadas Quem Disse Berenice? e The Beauty Box.
A estratégia fez a companhia aumentar sua fatia no mercado, de 6,9% em 2010, para 10,8% em 2016, segundo a Euromonitor. É a terceira maior do setor, atrás de Unilever e Natura.
Em quatro anos, o grupo investiu R$ 1 bilhão – construiu sua segunda fábrica (em Camaçari, na Bahia) e aplicou também em pesquisa e em distribuição. A primeira fábrica está instalada em São José dos Pinhas, na região metropolitana de Curitiba (PR).
O negócio de distribuição, a cargo da Cálamo Distribuidora de Produtos de Beleza S.A., uma holding operacional do grupo, cresceu no ano passado. O faturamento, que em 2015 foi de R$ 4,3 bilhões, chegou a R$ 4,8 bilhões. A última linha do balanço ficou no azul, com R$ 416,6 milhões. Mas um ano antes, o lucro líquido havia sido maior, de R$ 486,3 milhões. Esta holding, em dezembro, empregava 1.018 pessoas. No total, o grupo trabalha com 8 mil pessoas.
Fonte: Valor Econômico