Digitalização teve direção criativa de Livia Elektra, que expôs NTF em junho na Times Square em Nova York
Por Toni Sciarretta
O Grupo Boticário, indústria e varejista de cosméticos e produtos de higiene e beleza, decidiu aderir aos chamados tokens não fungíveis (NFTs) com a reprodução da boca dos próprios consumidores em uma obra de arte digital, inscrita por meio de tecnologia blockchain e mantida dentro de carteiras digitais como uma criptomoeda.
A digitalização teve direção criativa da artista cripto Livia Elektra, vocalista da banda Venvs que se reinventou durante a pandemia com a suspensão das apresentações musicais por meio da arte NFT. Além da música, Elektra se dedica à fotografia e faz capas de álbuns musicais e CDs. Ela foi considerada pela plataforma NFTPhotographers um dos 109 fotógrafos mais importantes da cena cripto internacional. É dela a célebre foto Cloud Tree, exposta em junho no painel do hotel Marriott Marquis da Times Square, em Nova York.
As imagens digitalizadas são da ilustradora Roberta Gomes, responsável por reproduzir as bocas dos consumidores em ilustrações que se tornarão obras de arte digitais.
O valor arrecadado com a venda dos NFTs será doado para o movimento Viva Água Miringuava, iniciativa do grupo junto com parceiros para conservação ambiental, segurança hídrica e empreendedorismo sustentável no município de São José dos Pinhais (PR), onde fica a fábrica do Boticário.
Tutorial do universo cripto
Mais do que uma versão digital de uma imagem exclusiva, os NTFs têm uma tecnologia própria a partir do blockchain que possibilita incluir nos contratos (o token representa um contrato) características e direitos que costumam ter a ver com as comunidades em que estão inseridos. Os mais comuns dizem respeito a voto sobre projetos (no mundo cripto, os membros decidem os rumos das comunidades, muita vezes por consenso), acesso a áreas VIPs de shows e a camarim de artistas.
No caso do Boticário e da Eudora, o token diz respeito à comunidade de consumidores e inclui visita à fábrica da empresa, interação com influencers das marcas e até a criação de um batom sob medida.
Na campanha, a empresa de cosméticos se propõe a fazer tutoriais para explicar o funcionamento do universo cripto e dar orientações sobre como abrir e gerenciar uma carteira digital para manter os tokens.
Ao todo, serão vendidos 60 NFTs, com diferentes características e níveis de exclusividade. Os 50 mais baratos (R$ 149 cada) terão, além da arte digital, uma impressão física de um pôster da imagem do token, um kit com 10 batons, tutoriais de make up com influencers, desconto de 50% no e-commerce até setembro, entre outros.
Os outros 10 NFTs mais exclusivos, que vão a leilão com lance mínimo de R$ 149, incluem a visita à fábrica em São José dos Pinhais (PR), com despesas pagas, onde o detentor do token poderá desenvolver o tal batom exclusivo.
A iniciativa criptográfica é um projeto piloto do Boti Labs, laboratório de tecnologia do Boticário, para o dia do batom, uma data importante para o comércio de cosméticos. Segundo Daniel Knopfholz, vice-presidente de Tecnologia do Grupo Boticário, a ideia é aferir o comportamento do consumidor em relação ao produto e a nova tecnologia, além de criar conexão personalizada com o público.
Como outros segmentos da indústria, a empresa tem investido pesado em tecnologia, incluindo uma aceleradora de startups voltada para a área cosmética. Nos últimos três anos, o time de tecnologia saltou de 200 para cerca de 2 mil pessoas.
“A tecnologia hoje faz parte do modelo de negócio, está no centro da estratégia e é transversal ao nosso ecossistema. Através da tecnologia, conseguimos potencializar e levar essas experiências a um nível de personalização ímpar”, disse Knopfholz.
Fonte: Valor Econômico