Os Correios convivem com o crescimento de pequenos e médios grupos de logística que ganham espaço ao adotar modelos de negócio apoiados em tecnologia e maior agilidade na entrega em grandes centros
Alvo do programa de privatizações do governo Jair Bolsonaro, os Correios projetam que o volume de entregas deve crescer mais de 20% na Black Friday deste ano, em relação à edição de 2019.
A adesão massiva de consumidores às compras on-line, estimuladas pelo distanciamento social na pandemia, promete uma expansão expressiva na entrega dos produtos que serão adquiridos nas tradicionais promoções da última sexta-feira de novembro.
Ainda que esteja na liderança do mercado nacional de encomendas, os Correios convivem com o crescimento de pequenos e médios grupos de logística que ganham espaço ao adotar modelos de negócio apoiados em tecnologia e maior agilidade na entrega em grandes centros. Além disso, a estatal percebe que seus tradicionais parceiros comerciais – tanto varejistas quanto plataformas de venda online (os “marketplaces”) – têm estruturado os próprios meios de logística nas principais rotas do e-commerce brasileiro.
Com a pandemia, os Correios também avaliam que a Black Friday 2020 se destacará em relação às edições anteriores. “De fato, será a maior Black Friday da história”, diz o diretor de negócios dos Correios, Alex do Nascimento. O executivo prevê um aumento superior a 20% no volume de entrega em relação à Black Friday de 2019. Ele relatou que a estatal, além de reforçar a capacidade operacional, apostou em novas modalidades de entrega de pacotes.
Os Correios vêm debatendo com executivos do setor os impactos da pandemia no e-commerce. O representante do Google Cássio Brandão relatou que, somente nos últimos seis meses, 10,2 milhões de pessoas passaram a usar plataformas de compras on-line. Isso representou, segundo ele, um aumento de quase 25% no número de consumidores digitais. Já as buscas por itens de varejo dobraram de janeiro a setembro, em relação ao mesmo período do ano passado.
O Mercado Livre, maior cliente dos Correios no setor de encomendas, tenta migrar a entrega de seus produtos para estruturas próprias de logística. “Temos diminuído bastante a dependência dos Correios. Há alguns anos essa dependência, que era de cerca de 90%, vem caindo semestre a semestre, mas somos ainda o maior cliente da estatal no país”, diz Leandro Bassoi, vice-presidente do braço logístico do grupo.
Por razões estratégicas, Bassoi, não diz qual é a fatia de produtos vendidos no Mercado Livre e entregues pelos Correios. Afirmou, no entanto, que o grupo já trabalha com mais de 70 parceiros logísticos no Brasil. Na semana passada, a empresa anunciou que passaria a operar com uma frota de quatro aviões próprios no país.
Para Bassoi, a estratégia de buscar maior autonomia na logística não é para se proteger das incertezas com a eventual privatização da estatal. “O Mercado Livre enxerga como positivos movimentos que possam tornar os serviços dos Correios mais eficientes, sejam eles a privatização, ou não. Eles são um parceiro muito importante para nós, especialmente pela sua capilaridade em todos os territórios brasileiros”.
O governo ainda não enviou ao Congresso a proposta de privatização dos Correios.
Fonte: Valor Econômico