Perto de completar seis anos, a varejista de perfumes e cosméticos The Beauty Box, controlada pelo Grupo Boticário investe para sofisticar as lojas, planeja passar dos atuais 52 pontos de venda para 80 até 2022 e busca elevar a participação do comércio eletrônico no faturamento, com serviços como o “retira em loja”.
Mesmo com 80% do portfólio importado, a companhia não alterou os planos por causa da recente alta do dólar. Guilherme Reichmann, diretor-geral da rede, disse que o cenário atual pode até atrair novos consumidores. “Com o dólar mais alto inibindo viagens e compras no exterior, os produtos vendidos no Brasil ficam mais competitivos”, afirmou.
O executivo afirmou que a empresa ainda têm em estoque produtos de alto giro – que respondem por cerca de 30% das vendas – comprados com dólar antigo. “A última compra foi realizada no início do ano e acredito que a próxima será em meados de setembro.”
Segundo ele, até o momento, os conglomerados internacionais que produzem maquiagens, perfumes e cremes como L’Oréal e Puig, dono das marcas Carolina Herrera, Paco Rabanne e Prada, não reajustaram os preços. Porém, como o dólar saiu de R$ 3,30 no início do ano e ronda R$ 3,80, é possível que os produtos que serão vendidos no Natal estejam mais caros.
Criada em 2012, meses após a chegada da francesa Sephora ao país, a The Beauty Box começou a mudar a disposição dos produtos nas lojas no ano passado. Em 2017, cinco pontos de venda foram reformados e neste ano serão outros nove. O intuito é tornar Dior, Lancôme, Clinique e Shiseido protagonistas, com displays mais chamativos. Antes, as marcas próprias Festiz e Produtinhos da Beauty eram destaque logo na entrada das unidades.
Não significa que esses itens serão deixados de lado. Por serem mais baratos, complementam as compras dos clientes e garantem margens maiores. Nesta nova fase, as marcas próprias deixam de ser vendidas em farmácias e multimarcas e passam a ser ofertadas exclusivamente na rede, seguindo o modelo da rival Sephora.
A rede é, em número de lojas, a quarta maior empresa do Grupo Boticário, que faturou R$ 12,3 bilhões em 2017, alta de 7,5%. Ao contrário das demais operações do conglomerado, que têm lojas franqueadas, na The Beauty Box todas as unidades são próprias.
Reichmann diz que o mercado de perfumaria “premium” representa pouco mais de 5% das vendas da categoria no Brasil e tem espaço para crescer. Segundo a empresa de pesquisas Euromonitor indica que o mercado de fragrâncias brasileiro movimentou R$ 23,06 bilhões no ano passado, uma alta de 11,7%. Para 2018, o crescimento deve desacelerar para 6,9%. O segmento popular pode vender R$ 23,3 bilhões, avanço de 7%, e o “premium”, R$ 1,4 bilhão, alta de 5,8%.
As lojas estão concentradas no Sul e Sudeste, mas a companhia vê oportunidade para expandir sua atuação no Centro-Oeste e no Nordeste – hoje tem unidades na Bahia e em Pernambuco. Para 2019, a intenção é inaugurar cinco pontos de venda. A principal rival, Sephora, tem 36 lojas, mas a The Beauty Box ainda concorre com redes menores como a Opaque e as de vestuário Renner, Riachuelo e Marisa, que também vendem perfumes.
Entre janeiro e maio, as vendas “mesmas lojas” da The Beauty Box, que considera as unidades abertas há 12 meses, cresceu 10%. O diretor-geral conta que em alguns pontos reformados o tíquete médio saltou 50%. A maior expansão é do comércio eletrônico. A operação, que hoje representa 13% das vendas, deverá alcançar 25% em cinco anos.
Nos próximos meses, o executivo pretende ampliar o serviço em que o consumidor compra no site e retira o produto na loja física. Em São Paulo está sendo realizado um projeto piloto há cinco meses. De cada três clientes que vão à loja buscar a encomenda, um compra algo a mais. “A integração entre o ‘e-commerce’ e os pontos de venda é essencial para dar conveniência e trazer o cliente para a loja”, afirma.
Fonte: Valor Econômico