Farmacêutica passa a atender de forma direta apenas as grandes e médias redes, por meio de gerentes das áreas
Por Adriana Mattos
A Bayer demitiu, dias atrás, 75 funcionários de sua área comercial no Brasil ligada à estrutura de varejo, e fontes afirmam que empresa acabou com o a área de atendimento ao pequeno varejista, mantendo a gerência comercial para os médios e grandes clientes, apurou o Valor.
Já havia informações circulando na empresa sobre esse movimento do grupo, mas por parte dos empregados existia a expectativa de redução do quadro, e não do fim do departamento. A decisão veio da matriz alemã, diz uma fonte.
Parte dos funcionários que trabalhava remotamente foi dispensada de forma virtual, em reunião à distância, segundo dois funcionários do nível de gerência ouvidos pela reportagem. A redução ocorreu no começo deste mês.
“A equipe comercial era de 55 pessoas e umas 20 a mais eram propagandistas da cardiologia. A área de cardiologia continua a existir, mas o atendimento para o pequeno varejo não existe mais. Agora, eles vão atender diretamente só as grandes e médias redes, por meio de gerentes das áreas. O pequeno vai ter que comprar de distribuidor, com intermediários”, diz uma segunda fonte.
“Mesmo com toda essa oscilação cambial, que encarece insumos, eles estavam bem, ganhando volume e reajustando preços, não parece se tratar de cortes por causa de resultados, mas por razão estratégica”, afirma um ex-funcionário.
A farmacêutica alemã confirma, em nota ao Valor, a dispensa dos 75 funcionários, e afirma que a comunicação feita aos empregados, virtualmente, ocorreu com colaboradores que não estavam trabalhando em São Paulo, onde fica a sede e o único escritório do grupo.
“Por este motivo, devido à pandemia e com o objetivo de resguardar a saúde de todos, tais demissões foram feitas de forma virtual, sempre de maneira respeitosa, para evitar grandes deslocamentos. Cada demissão foi feita pelo respectivo líder, que estava preparado para prestar todo apoio e acolhimento necessários”, informou na nota. A Bayer tem cerca de 6,5 mil empregados no país.
A companhia ainda ressalta que o processo de desligamento foi “cuidadoso e transparente, com todos os benefícios legais”, e com um “pacote de demissão diferenciado” nessa fase de transição de carreira. Isso inclui consultoria para recolocação e ampliação do prazo para uso do plano de saúde.
No balanço de resultados do grupo, os números da América Latina mostram expansão de 12,4% nas vendas de janeiro a setembro. No terceiro trimestre, a alta foi de quase 20%. A empresa diz que vem conseguindo repassar aumento de custos e ganhar em volume vendido na região em alguns segmentos de atuação.
No setor farmacêutico, houve alta de 10,7% nas vendas na América Latina até setembro e 22% de julho a setembro, acima da média do grupo, em 7%. Dados da Abrafarma, associação de reúne farmácias no país, também mostram que esse ano deve ser um dos melhores em crescimento de vendas desde 2011 – até setembro, o setor crescia 17%.
Fonte: Valor Econômico