Dona de sites como Americanas.com e Submarino, a B2W iniciou testes-piloto para envio de produtos utilizando drones no Brasil. Os testes têm sido feitos no percurso entre os centros de distribuição da empresa e os pontos de venda da Lojas Americanas, controladora da B2W.
Neste momento, a B2W está em conversas com a Agência Nacional de Aviação Civil (Anac) para desenhar uma regulamentação para o uso do equipamento pelo setor varejista. “A expectativa é que em 18 meses começaremos a usar drones para envio de produtos entre os centros [de armazenagem] e as lojas”, disse Fabio Abrate, diretor financeiro e de relações com investidores da B2W.
No dia 21 de junho, foi feito um primeiro teste entre os centros de distribuição da B2W e da Lojas Americanas, ambos em Itapevi (SP), com autorização da Anac. Os equipamentos atuais em teste têm autonomia de até 10 km – cinco de ida e cinco de volta. No total, até agora foram 60 voos experimentais com percurso de 2km.
Um acordo de exclusividade foi fechado meses atrás com a SMX Systems, empresa brasileira que detém a tecnologia para o transporte e entrega das encomendas. Num segundo momento, ainda sem previsão, a companhia considera possível analisar o envio de mercadorias para a casa do cliente, mas isso não está sendo tratado neste momento.
A B2W não informa o valor investido no projeto. A intenção é que as entregas envolvam produtos de tamanho reduzido, como aparelhos celulares, tablets e outros acessórios de menor porte. Nos Estados Unidos e na China, iniciativas de varejistas têm envolvido caixas com peso de até 2 kg e equipamentos que percorrem até 20 km.
Ontem, a B2W fez simulações com drone a lojistas que expõem seus produtos nos sites da B2W, durante a abertura do evento anual da empresa, o B2W Marketplace Summit. “A intenção é que, logo de início, todos os centros de distribuição da empresa sejam incluídos nessa iniciativa”, disse Abrate. A B2W tem 11 CDs e a Lojas Americanas, quatro. Ao todo, há 1.360 lojas da Americanas no país. Os “hubs”, que são interpostos de armazenamento mais próximos às lojas, também devem ser base de apoio para as entregas.
Pouco mais da metade das unidades da rede estão na região Sudeste, portanto, uma operação de entrega entre os CDs da varejista e as lojas acabaria se concentrando em áreas populosas e de maior risco, quanto à eventual perda ou roubo do equipamento. “É uma operação controlada, em lojas nossas [da Americanas], com áreas específicas para desembarque dos drones. Não vemos maiores problemas”, disse o executivo.
Já existe, desde 2017, uma norma geral da Anac que regulamenta as operações desses equipamentos no Brasil. Cada companhia precisa entrar em contato com a agência para validar seu projeto e registrar os drones em operação. Segundo dados de maio da Anac, existem 68 mil drones cadastrados no país. A expectativa da B2W é que seja criada uma regulamentação específica para o varejo.
Nos Estados Unidos, a Amazon foi uma das pioneiras com esta iniciativa – fez o primeiro voo para entrega de uma encomenda em 2016.
Ontem, o comando da B2W ainda deu detalhes sobre o avanço de seus negócios neste ano. Disse que a venda direta da companhia, feita dos estoques próprios para os clientes, deve acelerar o crescimento no segundo semestre. No começo do ano, a empresa destacou para analistas que as vendas desse braço do negócio cresceu menos, por conta do fim da “Lei do Bem”, que garantia isenção de certos impostos aos consumidores. O fim da lei levou a um encarecimento dos produtos vendidos no varejo, como celulares e tablets. “Isso afetou o começo do ano, mas na segunda metade [de 2019] esse novo patamar de preço já terá sido melhor absorvido pelo consumidor”, disse Abrate. Na B2W, 40% da receita vem da venda direta de mercadorias e 60% do modelo de “marketplace” (venda de produtos de lojistas hospedados no site).
Abrate ainda mencionou que, por meio de parceria com o banco Cetelem, desde junho a empresa passou a oferecer linhas de empréstimos de consignado, que podem ser contratadas on-line. O executivo disse que a empresa estuda, num futuro próximo, um projeto de parcerias com o varejo, para que a carteira Ame Digital, já usada pelos clientes para pagamento de compras nas lojas da Americanas, seja aceita em outros estabelecimentos. A conta pode ser criada por meio do aplicativo Ame. Será possível pagar serviços e compras usando códigos de imagem (QR Code) fornecidos pela loja parceira. O concorrente Mercado Livre já começou a fechar esse tipo de acordo com varejistas.
Fonte: Valor Econômico