A B2W anunciou nesta segunda-feira (13) que adquiriu a Supermercado Now Portal e Serviços de Internet, plataforma de comércio eletrônico que atua na categoria de supermercado. Não foram divulgados os detalhes financeiros da transação.
Segundo a companhia, o Supermercado Now permite ao usuário escolher o supermercado de preferência e criar um carrinho de compras personalizado. O cliente pode também optar por retirar os itens na loja ou receber no endereço desejado em até duas horas ou em um horário agendado.
A plataforma conta com mais de 30 redes de supermercado parceiras e uma base de clientes com perfil de compra de alta recorrência — clientes com pelo menos um ano na plataforma e que compram em média 2,3 vezes por mês.
“O modelo de negócios, de comprovado sucesso em outros países, possui grande oportunidade de crescimento no Brasil e permitirá à B2W expandir sua presença na categoria de supermercado, abrindo uma nova frente de crescimento e oferecendo um sortimento ainda mais completo para os mais de 16 milhões de clientes ativos da companhia”, diz trecho do comunicado.
A aquisição da startup pela B2W não é algo a ser ignorado. É o primeiro movimento da companhia para entrar na disputa do comércio eletrônico alimentar, liderado por GPA e Carrefour, e recém-explorado pelo Magazine Luiza.
Também marca, após anos, o retorno da B2W ao fechamento de transações voltadas diretamente para a operação de varejo — as últimas aquisições foram basicamente de empresas focadas em sistemas, tecnologia e distribuição.
Com a SuperNow, a B2W quer montar uma estrutura de “marketplace” para o varejo alimentar, que trata da venda de itens de diversos lojistas. Atualmente, varejistas de médio porte do segmento hospedam suas lojas no site da Super Now. Os clientes acessam o site da startup, escolhem o supermercado e fazem a compra on-line. A SuperNow faz a compra e a entrega — diz a startup, em até duas horas, período difícil de ser alcançado, considerado muito curto para uma operação alimentar.
A B2W quer colocar essa carteira de varejistas da empresa no Americanas.com, apurou o Valor, e buscará ampliar essa lista de lojistas. Num país com centenas de mercadinhos e supermercados espalhados, é algo que tem potencial para ganhar escala.
A B2W ainda quer fazer a logística da operação, utilizando a sua estrutura já montada da B2W Entrega.
Atualmente, a startup cobra taxa de entrega que pode variar de R$ 9,90 à R$ 19,90 — acima de R$ 100 a primeira entrega é gratuita.
A B2W, com a aquisição, passa a operar agora com a carteira de contratos da SuperNow e deve ir ampliando esse portfólio de redes de supermercados e hipermercados hospedadas no site.
Na carteira, há nomes de peso no varejo regional, como Hirota, Lopes Supermercados, Bergamini e Natural da Terra.
Esse movimento ainda tem a sua importância porque, até então, a B2W mantinha-se muito discreta nessa disputa pelo varejo on-line de alimentos.
A companhia vende uma linha limitada de produtos de higiene e beleza, enquanto um de seus rivais, o Magazine Luiza, amplia sua atuação nesse segmento, aumentando o volume de categorias de alimentos à venda em seu marketplace de um ano para cá.
Ainda é uma aquisição num momento em que GPA amplia a sua atuação, e colhe resultados, com o James Delivery, e o Carrefour testa novos projetos pilotos com a parceira Rappi.
Se a B2W quer ser uma empresa de marketplace que vende tudo, em todos os lugares, e a qualquer momento é preciso ocupar esse terreno do varejo on-line alimentar, que tem crescido, mas ainda é pouco explorado no Brasil. E é fato que, até o momento, o marketplace de alimentos avança mais devagar do que os outros mercados, basicamente por questões ligadas a custos de distribuição e sistemas.
Vender e entregar um quilo de arroz na casa de um cliente a quilômetros de distância do centro de distribuição das redes é algo complexo e caro. Deve exigir novo volume de investimentos da B2W. Mas isso já vem sendo trabalhado pelas companhias do setor, com a transformação das lojas em minis-centros de distribuição.
De qualquer forma, os dados mostram que a venda on-line de alimentos e bebidas não representa mais de 2% das vendas de grandes cadeias, como GPA e Carrefour, e ainda exige altos investimentos em logística e entrega.
O que a B2W diz ao mercado é que ela quer entrar nessa briga, e colocar sua estrutura para ganhar escala nesse setor.
Fonte: Valor Econômico