O cliente entra no supermercado, escolhe seus produtos, passa suas próprias compras no caixa, paga no cartão e vai embora, sem a necessidade de interação humana.
“Eu sabia que isso existe no exterior e acho que demorou para chegar aqui no Brasil. Às vezes a gente vem comprar só uma coisinha e fica um tempão na fila”, disse a engenheira civil Rafaela Fernandes, 22, após utilizar um dos recém-instalados caixas automáticos do Master Supermercado, no Shopping Frei Caneca, na região central de São Paulo.
A loja é uma das primeiras do ramo oferecer esta opção aos clientes que, em São Paulo, também encontram a novidade no Carrefour do Jardim Pamplona Shopping, nos Jardins (zona oeste) e na loja de doces Tateno, na Vila Mariana (zona sul).
Em Porto Alegre, o supermercado Zaffari já conta com esta tecnologia.
No mesmo espaço físico que antes era ocupado por dois caixas comuns, o Master instalou quatro terminais de autoatendimento. Baseado na experiência de outras lojas da rede no Sul do país, estima que eles consigam absorver de 5 a 10% do fluxo de clientes da loja.
A Consinco, empresa de tecnologia que desenvolveu os caixas para o supermercado e que já instalou mais de 200 deles pelo país, afirma que é possível reduzir o tempo de espera nas filas em até 30%.
“Quando instalamos essa tecnologia em Erechim [RS], mundo ficou curioso. Até senhorinhas faziam questão de passar as próprias compras”, afirma Andrigo Orso, gerente de TI do Master que, desde abril, já conta com oito terminais em suas lojas e tem outros seis aguardando instalação.
“Se no interior do país foi bem aceito, porque não trazer isso a São Paulo?”
CÓDIGO DE BARRAS
Com um sistema de leitura de código de barras mais sensível que o dos caixas comuns, esses terminais são equipados com um sistema de balanças e câmeras que impedem que o cliente pague menos do que deveria. Para isso, é fazer o cadastro do peso de todos os produtos disponíveis na loja. No caso do Master do Frei Caneca, foram 60 mil itens.
Após serem registrados pelo próprio cliente, os produtos devem ser colocados nas sacolas, que ficam em cima de uma balança. Se um item é colocado na sacola sem ter sido cobrado, ou se ele simplesmente não for colocado, o caixa trava e, automaticamente, chama um operador para verificar a situação.
“Tínhamos muito medo de trazer isso ao Brasil por uma questão cultural. Mas, em seis meses, ninguém tentou burlar o sistema”, disse Orso, que não revela o investimento da empresa para instalar os terminais. Segundo a Folha apurou, cada um deles custa cerca de R$30 mil, já contando com o reforço no sistema de câmeras.
LANCHONETES
Além dos supermercados, redes de fast-food e cinemas também têm feito investimentos expressivos em terminais de autoatendimento. A iniciativa, geralmente, faz parte de um “pacote” de modernização de lojas e marcas.
“O fast food tradicional sempre foi pensado para facilitar o lado operacional. Isso está morrendo”, diz Marcello Farrel, diretor do Bob’s, que neste ano investiu R$ 225 milhões em marketing e na modernização da marca e da experiência do cliente –o que inclui totens de autoatendimento e a possibilidade de o cliente fazer o pedido por um app no celular.
Por ambos os meios, é possível ter uma visão mais geral do cardápio da loja e, com isso, adicionar ingredientes extras, definir o tamanho dos sanduíches e até decidir levar uma sobremesa que não estava nos planos.
“Se sentindo mais livre, o consumidor tende a ter um ticket médio mais alto que o normal. As lojas que já passaram por essa reformulação vendem de 20% a 30% a mais que as outras”, diz Farrel.
Outra rede de fast food que investe em novidades é o McDonald’s. Recentemente, re-inaugurou sua primeira loja em São Paulo, na avenida Henrique Schaumann (zona oeste), onde os pedidos podem ser feitos a partir de grandes telas sensíveis ao toque. A tecnologia está sendo implantada em toda a rede, começando pela capital paulista, Guarulhos e Barueri.
Quase todas as redes de cinema que operam em São Paulo também já contam com a opção de autoatendimento.
No Cinemark, que começou a instalar os totens em 2008, já tem quase 500 terminais em todos os seus 83 cinemas no Brasil. Globalmente, em média 15% dos 45 milhões de ingressos vendidos anualmente pela rede são comprados pelos totens.
“A automação, principalmente envolvendo dispositivos móveis, é a nossa maior aliada”, afirma Bettina Boklis, diretora de marketing da Cinemark. “As pessoas querem resolver suas vidas sozinhas, com a máquina.”
Fonte: Folha de S.Paulo