Após o setor atacadista registrar, em termos reais, retração de 6,8% em 2016, o segmento apresentou, no ano passado, crescimento de 0,7% – atingindo um faturamento total de R$ 259 bilhões. Para 2018, segundo a Associação Brasileira de Atacadistas e Distribuidores (Abad), há perspectiva de avanço em torno de 3%.
Para o presidente da entidade, Emerson Destro, tendo em vista a ascensão da figura do atacarejo e as mudanças de mercado, o setor atacadista precisa pensar em movimentos de regionalização buscando a proximidade e fidelidade com o varejista no longo prazo.
“O atacarejo não tira clientes do atacado, tira compras por meio de mega promoções”, diz Destro, destacando que muitas vezes o pequeno varejista não coloca na ponta do lápis os gastos de tempo e de logística para comprar realizar essas compras.
O executivo dá como exemplo os custos de tempo e de gasolina para o deslocamento até essa nova categoria de distribuidor, que não são levados em conta e, por isso, o local acaba se tornando a melhor opção para o comerciante. Porém, “quando [o atacarejo] se instala perto do pequeno varejista, pode haver concorrência.”
Nesse sentido, Destro descarta qualquer tipo de medida judicial para evitar essa prática, e sugere a adoção de uma “política de preços por canal”, visando maior equilíbrio da cadeia com remuneração diferente conforme os custos de cada distribuidor. “Estamos pedindo essa responsabilidade justamente para termos uma concorrência leal”, declara.
Segundo dados da Abad, os negócios que mais se destacam na dependência do segmento são varejo independente (95%), bares (85%), farma/ cosméticos (45%) e autosserviços (40%). Em termos de números de grandes distribuidores por região, o Nordeste se sobressai em relação às outras, concentrando cerca de 36% dos atacadistas do Brasil. Em seguida, figuram o Centro-oeste (24%), Norte e Sul (15%) e o Sudeste (11%).
Segundo a pesquisa, fatores como retomada no crescimento do Produto Interno Bruto (PIB), os níveis de inflação em queda e o corte recorrente na taxa básica de juros (Selic) ajudaram a aumentar a confiança do mercado brasileiro.
Em paralelo, a prestação de serviços de abastecimento e organização de gôndolas deve ser encarada pelo pequeno varejista como um processo de eficiência logística na relação comercial com o setor atacadista, segundo o economista Nelson Barrizzelli. “Atualmente, o lojista é especialista em compras, e não em operações de seu negócio”, lamenta.
Ainda de acordo com ele, especialmente este ano, o ambiente econômico está sensível às incertezas políticas, influenciando a tendência dos empresários de investir.
Questionado a respeito da criação de marcas próprias no ramo, Destro fala em “elevada importância” para o setor, principalmente por ser uma forma de reduzir a concorrência e dá maior rentabilidade ao negócio. O executivo também lembra que, “para os atacadistas que operam com seus 3 mil ou 4 mil itens”, é fundamental o investimento em softwares de gestão de estoques, principalmente visando evitar o vencimento de produtos estocados há muito tempo.
Além disso, o balanço divulgado pela entidade destaca a participação do segmento em 53,6% do mercado mercearil, o qual movimentou em torno de R$ 484,9 bilhões no ano de 2017. O percentual de faturamento do setor atacadista correspondente a cada região do País também foi divulgado: Sudeste (38%), Nordeste (25%), Sul (15%), Centro-Oeste (13%) e Norte (8%). Em número de redes, o Nordeste se destaca (36%.
Fonte: DCI