Com o objetivo de estreitar as parcerias com pequenos e médios varejistas, o setor atacadista aposta na venda de mercadorias por meio de plataformas de e-commerce. Entre os desafios para avançar nesse sentido, está uma cultura tecnológica pouco disseminada entre os empresários.
“Percebemos que esse movimento vem surgindo de formas gradual nos últimos anos, com algumas operações mais maduras e outras menos em termos de experimentação dessas plataformas online. Como a maioria dos atacados trabalha com itens de alto giro – com margem muito baixa –, é necessário discernir se é melhor estar em algum marketplace ou e-commerce próprio”, argumentou o presidente da Associação Brasileira dos Atacadistas e Distribuidores (ABAD), Emerson Destro.
De acordo com o dirigente, operar dentro de um e-commerce próprio promove uma venda mais ampla de sortimento de produto do negócio. Para ele, “quanto mais os parceiros perceberem a comodidade e benefícios na compra online, maior deve ser o avanço virtual do setor”. Destro explica que uma das estratégias adotadas por grandes distribuidores tem sido os descontos agressivos no ambiente virtual, a fim de elevar o potencial de vendas do canal tanto quanto ocorre nas operações de loja física.
Nessa linha, um dos exemplos de plataformas online com foco no comércio atacado é o site Soulojista – controlada pelo grupo Loghaus. “Registramos incremento de 30% no primeiro trimestre de 2019 em relação ao mesmo período do ano passado. Nosso faturamento está em R$ 1 milhão por mês. Atualmente nossa carteira tem em torno de mil clientes, sendo a maioria pequeno e médio varejo”, afirmou o gerente de negócios da plataforma, Lucas Soler.
De acordo com o executivo, a categoria de produto com maior fluxo de vendas são itens de vestuário feminino. “O tíquete médio dos nossos cliente está girando em torno de R$ 1,3 mil. A maioria das entregas são realizadas nas Regiões Sul e Sudeste do País por meio de frota própria”, destacou ele, ressaltando que 35% de todo o volume de produtos vendidos é feito através do aplicativo da loja e o restante é fruto das compras pela plataforma de e-commerce.
Para o especialista em inovação no varejo da consultoria GO.K, Cristiano Kanashiro, essas novas plataformas e tecnologias vem justamente para auxiliar “um setor que muitas vezes ainda faz a negociação de forma analógica”. “Geralmente, a margem de receita do segmento alimentício é baixa; já as categorias de vestuário apresentam maiores margens em alguns casos”, afirmou ele, lembrando que muitas vezes a frequência de compra dos varejistas pode ser maior por meio dos canais online e, consequentemente, elevar o tíquete médio dos clientes.
Ainda segundo o especialista, o setor de atacadistas e distribuidores não tem apenas investido em plataformas de venda online, mas também “em sistemas de gerenciamento de estoque” e na análise de dados por meio de inteligência artificial.
Outro exemplo de player do setor que vem apresentando outros canais de venda para seus clientes é o AKKI Atacadista. “Esse trabalho tem feito com que nossas vendas registrem crescimento de 12% até aqui em relação ao ano passado. Estamos investindo nas vendas por meio do aplicativo WhatsApp, onde buscamos sempre estabelecer ofertas mais agressivas”, argumentou o gerente regional Edgar Pimenta, salientando que os pequenos e médios negócios são os principais alvos dessas ações diárias.
Ainda de acordo com executivo, o tíquete médio das compras realizadas de forma online também varia de acordo com a região e do porte do cliente. “Geralmente essa diferença entre o gasto médio do cliente que compra nas operações físicas e virtuais gira em torno de 15%, podendo chegar até R$ 207”, declarou ele. Outro ponto destacado por Pimenta diz respeito a categoria de itens com maior volume de vendas. Segundo ele, em virtude de trabalharem com site próprio de e-commerce, o que isenta o negócios de pagar as taxas de um marketplace, itens como por exemplo vinhos e leite são os mais vendidos.
Fonte: DCI