Por Helena Benfica | O lucro do Grupo Carrefour avançou no terceiro trimestre, puxado pelo bom desempenho do Atacadão, braço de atacarejo, e apoiado em corte de custos, captura de sinergias de lojas convertidas do Big, adquirido em 2021, e crescimento de vendas.
Em linha com o processo de simplificação da operação e redução do endividamento, o grupo varejista informou que segue avaliando a venda de ativos imobiliários.
Em meados de outubro, o Carrefour Brasil assinou um contrato com um fundo de investimento imobiliário para a venda de 15 imóveis próprios onde estão localizadas lojas do Atacadão, com valor total de R$ 725 milhões.
Nos termos do acordo, o grupo irá celebrar contratos de locação na modalidade “sale-leaseback” (venda e posterior locação), com prazo inicial de 13 anos, renováveis por períodos adicionais de 5 anos.
“O movimento está em linha com nossa estratégia de otimizar a alocação de capital e solidificar o valor do portfólio imobiliário”, disse Stéphane Maquaire, CEO do grupo Carrefour.
Há cerca de 20 vezes mais imóveis que podem ser vendidos, mas não existem negociações no momento, afirmou Eric Alencar, diretor vice-presidente de finanças e de relações com investidores do Grupo Carrefour Brasil. “Estamos digerindo o que acabamos de fazer, mas mantemos isso no leque de opções de alocação de capital”, disse.
Os executivos não comentaram a negociação envolvendo a venda de todas as lojas da bandeira Nacional, concentradas na região Sul do país, e das lojas remanescentes do Bompreço no Nordeste.
Para além da venda de ativos, o grupo está comprometido com a melhora contínua dos resultados para acelerar a redução do endividamento.
De julho a setembro, o grupo Carrefour no Brasil registrou um lucro líquido atribuído aos controladores de R$ 221 milhões, uma alta de 67,4% sobre o ganho reportado um ano antes. No mesmo período, as receitas da varejista alimentar subiram 5,1%, para R$ 28,37 bilhões.
As vendas brutas subiram 4,8% no terceiro trimestre, na comparação anual, para R$ 29,5 bilhões. A margem bruta, por sua vez, caiu 0,9 ponto, para 19,2%.
O recuo do indicador é explicado pelos efeitos da maior contribuição do Atacadão na receita – que tem margem menor -, pela nova estratégia de precificação no braço de varejo e pela margem financeira menor do Banco Carrefour, em função da nova regulação do governo que limita os juros do cartão de crédito.
Segundo Alencar, a queda na divisão financeira foi compensada pela redução na inadimplência e controle das despesas com vendas, gerais e administrativas.
O movimento está em linha com a nossa estratégia de otimizar a alocação de capital” — Stéphane Maquaire
O lucro antes dos juros, impostos, depreciação e amortização (Ebitda, na sigla em inglês) do grupo somou R$ 1,4 bilhão de julho a setembro, queda de 3,4% na comparação anual. Já a margem Ebitda caiu meio ponto, para 5,2%.
No Atacadão, as vendas brutas somaram R$ 21,4 bilhões no terceiro trimestre, aumento de 8,3% na comparação anual, superando as expectativas de analistas. A companhia informou que implementou serviços de padaria, açougue e fatiados (PAF) em 151 lojas da bandeira nesse trimestre.
A medida tem o objetivo de aumentar o tráfego de clientes em função da recorrência dessas compras. “O PAF tem uma curva de maturação de seis meses, o que coloca um pouco de pressão nas despesas de curto prazo”, disse Alencar. Os gastos da bandeira avançaram 6% de julho a setembro, totalizando R$ 1,7 bilhão, considerando tanto a adição dos serviços quanto a abertura de lojas.
De julho a setembro, foram inauguradas 3 novas lojas do Atacadão e 4 do Sam’s Clubs, recorde para esse formato. Com isso, o grupo encerrou setembro com 1.041 lojas e concluiu a meta de expansão para o ano.
“As lojas convertidas continuam seu processo de maturação, capturando sinergias para atingir a meta revisada de R$ 3 bilhões até o final de 2025, disse Maquaire.
Em linha com a redução de custos, o investimento do grupo no trimestre totalizou R$ 695 milhões, queda de 28,7% em relação ao ano anterior. “Isso reflete o fim natural do ciclo de investimentos após a integração [com o Big]”, afirmou o presidente.
Fonte: Valor Econômico