Por Ana Luiza de Carvalho | O modelo de operações descentralizado do Assaí permite que a companhia otimize patamares de logística e controle custos frente às dimensões continentais do país, afirmou o diretor-presidente do Assaí, Belmiro Gomes, em entrevista coletiva.
Belmiro afirma que o Brasil tem dificuldades logísticas, refletindo fatores como dimensões continentais e “metrópoles extremamente adensadas”.
O Assaí, porém, afirma ter cerca de 70% de sua logística descentralizada, enquanto algumas lojas são abastecidas diretamente pela indústria. Com este modelo, segundo o executivo, o Assaí consegue controlar indicadores como giro de estoques e manter eficiência.
Ainda de acordo com a diretoria, a eficiência permitiu que as despesas com vendas se mantivessem estáveis mesmo após uma repaginação de lojas incluindo iluminação e ar-condicionado, como no caso da unidade Casa Verde, na marginal Tietê, em São Paulo.
Para 2024, a rede Assaí espera reportar uma melhoria na margem Ebitda, embora não divulgue projeções e ressalte as incertezas relacionadas ao cenário macroeconômico.
Parte importante do resultado, segundo os executivos da companhia, reflete a incorporação das lojas Extra que tiveram bandeira convertida. A operação adicionou mais de 400 mil metros quadrados em área de venda. “A aquisição do Extra nos ajudou a ampliar em área de vendas o que levaríamos quatro ou cinco anos de forma orgânica”, afirmou Belmiro Gomes.
A empresa também espera que a população recupere o poder de compra nos próximos trimestres, refletindo a desaceleração da inflação e o início do ciclo de cortes da taxa Selic.
“As famílias precisaram fazer uma série de ajustes, trocaram a carne bovina pela carne de frango, e depois o frango pelo ovo. Também vimos a indústria reduzindo o tamanho de embalagens”, afirmou Belmiro Gomes.
Por outro lado, a busca mais intensa por preços baixos e promoções deve contribuir para o segmento de atacarejo. A companhia também destaca a conversão de unidades do Extra em regiões mais centrais, atendendo “praticamente todas as classes sociais”.
As 47 lojas convertidas, inauguradas em 2022, “já começaram a entregar resultado em patamar a de lojas antigas”, segundo a diretoria. A margem Ebitda das unidades está em patamar de 5,4%.
A diretora financeira da companhia, Daniela Sabbag, afirma que a geração de caixa dos últimos trimestres permitiu o volume recente de investimentos. Desde dezembro de 2020 até setembro de 2023, de acordo com a executiva, as lojas convertidas da bandeira Extra adicionaram mais de R$ 30 bilhões em faturamento, sendo que a geração de caixa ultrapassou R$ 9,4 bilhões. O montante, segundo a expectativa, financiou 90% dos investimentos do período.
A diretora aponta que quase metade da dívida bruta de R$ 13,8 bilhões não é proveniente da operação da companhia, “uma parcela relevante”, enquanto o restante veio da cisão da companhia realizada em 2020.
Os executivos apontam ainda que há oportunidade de crescimento em pelo menos 91 cidades com população acima de 150 mil habitantes, como São José do Rio Preto (SP), onde o Assaí onde o Assaí deve inaugurar operações no próximo ano. A geração de caixa no próximo ano deve permitir o pagamento de dividendos e o custo de dívida a partir de 2024. O Assaí estima ainda que o nível de alavacangem, medido pela razão entre a dívida líquida e o Ebitda, fique abaixo de 3,5 vezes no próximo ano.
A companhia destaca também a inauguração de unidades no Espírito Santo, enquanto a estreia nos estados do Rio Grande do Sul e Santa Catarina devem ocorrer após 2024.
Fonte: Valor Econômico