Iniciativa é sediada no ZZ Hub, aceleradora inaugurada em setembro; foco é promover aproximação com startups, universidades e população local
Por Karina Souza
Em 2022, a Arezzo completa 50 anos. E, na mesma medida que envelhece, esta jovem senhora quer mostrar que está cada vez mais atual. Depois de um ritmo forte de aquisições em 2021, o grupo inaugura uma nova “avenida” de busca por inovação em 2022: uma incubadora de startups. De olho em aproximar o relacionamento com startups do Sul do país, a companhia investiu R$ 5 milhões na reforma da sede em Campo Bom (RS) para abrigar quatro startups no local pelos próximos seis meses. A reforma do prédio ficou pronta no fim do ano passado, mas as empresas devem passar a frequentar o espaço apenas neste mês.
A ideia de montar a incubadora em uma cidade com cerca de 60 mil habitantes é a de aproximar o relacionamento do grupo com a população local e de diversificar a busca por inovação concentrada no eixo Rio-São Paulo. “Queremos ir além das startups e nos aproximar da prefeitura, usar o espaço para a comunidade local. Ter cursos de formação de pessoas também. De forma geral, ter um espaço digital para poder pensar a inovação para o grupo, exercendo impacto também sobre a população”, diz Mauricio Turquenitch, Chief Digital Officer da Arezzo&Co. De olho nisso, a companhia também pretende estreitar laços com universidades locais, como a Unisinos e a Feevale.
As quatro startups selecionadas para o programa terão mentoria durante seis meses dentro do grupo. Cada uma delas atende a pontos importantes o avanço ao longo dos próximos anos: Logística, Dados (aprendizado de máquina e algoritmos para tornar a criação de coleções mais eficientes), Processos Industriais (eficiência de fábrica) e Recursos Humanos.
Cada uma delas está em estágios diferentes de maturação, mas todas já possuem algum tipo de produto comprovado — não estão tentando validar uma tese — e têm contratos, clientes e fluxo financeiro já estabelecidos antes do relacionamento com o grupo. Agora, além de um programa elaborado em parceria com o Sebrae para mentoria, todas as startups terão contato com profissionais da Arezzo&Co.
Depois de um ritmo forte de aquisições em 2021 — a briga pela Hering, a compra da grife Carol Bassi e do brechó TROC, por exemplo — a companhia deve continuar indo às compras em 2022. “Temos investimentos sim e alguns devem acontecer em breve, deve ser um processo rápido. Do ponto de vista de inovação, estamos de olho em investimentos menores neste ano, que consigam trazer componentes que acelerem a nossa jornada”, afirma Maurício. Segundo o executivo, não é foco da empresa, neste momento, investir nas startups que ocuparão o ZZ Hub nos próximos seis meses.
Indo fundo em tendências, criptomoedas, NFT e metaverso têm sido assuntos estudados pela Arezzo&Co, ainda que em estágio inicial. Inclusive, neste ano, a equipe de transformação digital fez algumas imersões na Semana de Moda da Europa para ver como isso pode ser utilizado dentro do grupo. Além disso, esteve presente na NRF, principal feira de varejo global, e por lá criou contato com uma representante de dez startups francesas. Atualmente, a companhia está em contato com as empresas para entender tendências e o que é possível de trazer para o mercado brasileiro.
O foco em tendências não significa que a companhia não está atenta ao que os próprios colaboradores podem sugerir. Ao contrário. Nesta segunda-feira, 14, a Arezzo&Co promoveu um Hackaton com colaboradores, em parceria com a AWS, divisão de negócios na nuvem da Amazon no Brasil. É a segunda edição neste ano, sendo que a primeira foi realizada em parceria com o Google.
A iniciativa vencedora foi a de um grupo que pensou na jornada omnicanal de clientes, permitindo combinar a experimentação dos itens ou até mesmo um mix exclusivo, pensado de acordo com cada cliente.
“Gostamos de trabalhar cultura. Às vezes se for explicar um assunto como inteligência artificial para alguém que não é do ramo pode parecer algo chato ou sem utilidade, mas experimentando na prática fica fácil de entender a importância”, diz Maurício.
Este ano, foram dez equipes com cinco pessoas cada uma — e pelo menos uma pessoa de tecnologia por grupo. O objetivo será trabalhar em cima de questões de omnicanalidade e experiência de clientes, sem esquecer de aspectos ESG no processo.
Futuro
O foco da Arezzo&Co para 2022 pode ser resumido em algumas palavras-chave: omnicanalidade, vestuário e expansão internacional. Em relação ao primeiro ponto, a companhia vai dobrar o volume do Centro de Distribuição, localizado no Espírito Santo, que deve passar a ter 40 mil metros quadrados.
É uma mudança que vem em linha com a estratégia de trazer a linha de vestuário para dentro de casa. A ideia é, este ano, reforçar investimentos na Schutz como uma marca de lifestyle, bem como acelerar a expansão de Carol Bassi e Reserva. Com mais capacidade no CD, a companhia consegue otimizar as rotas para as lojas espalhadas no sul e sudeste, utilizando as lojas como pontos de estoque adicionais para a operação on-line.
Olhando para além da fronteira, a companhia mantém também um CD nos Estados Unidos, onde comercializa as marcas Schutz e Alexandre Birman. A receita com exportação representa cerca de 10% do faturamento da companhia e, desse total, pelo menos 80% vem do país americano. Para 2022, a ideia é fortalecer essa operação, que cresceu de forma significativa em 2021 graças a uma estratégia de precificação, e testar o desempenho de outras marcas em relação ao público externo — o que já está sendo feito via e-commerce.
“Todas essas iniciativas se conectam com a nossa jornada de transformação digital iniciada em 2018. Criamos soluções que nos permitiram estar bem posicionados durante a pandemia e neste momento queremos disseminar cada vez mais a cultura de inovação em toda a companhia, deixando claro que é parte do dia a dia de todos os colaboradores. É o foco do grupo para continuar crescendo”, diz Maurício.
Fonte: Exame