O BTG Pactual (SA:BPAC11) vê o mercado brasileiro de e-commerce como parcialmente diferente do de outros países, uma vez que, apesar da tendência de generalização da oferta de produtos dos mais diversos segmentos nos grandes players do mercado, ainda há espaço para lojas especializadas, como é o caso da Arezzo (SA:ARZZ3) e Lojas Renner (SA:LREN3).
O relatório divulgado pelo banco nesta terça-feira destaca que, embora exista a tendência de uma maior generalização em grandes nomes como B2W (SA:BTOW3) e Magazine Luiza (SA:MGLU3), principalmente com a ajuda de marketplaces, nichos como de vestuário e acessórios, casos da Renner e da Arezzo, ainda estão à frente da concorrência.
Um dos motivos para os diferenciais da Arezzo e Renner está no grande sortimento de produtos, principalmente por operarem com marcas próprias. Além disso, são empresas com ótima execução e ampla rede de lojas, o que dá força com a tendência de crescimento da proposta multicanal. Destaque também para a baixa penetração das categorias e calçados e vestuário no canal on-line.
O estudo do BTG traz um dilema do comércio eletrônico em todo o mundo, que é o crescimento das chamadas grandes plataformas horizontais (que oferecem produtos de diversas categorias) vão cada vez mais impedir o desenvolvimento de players de nicho, uma vez que será cada mais caro para os pequenos se diferenciarem.
No Brasil, aponta o banco, a recente aquisição da Netshoes (player vertical) pelo Magazine Luiza (player horizontal) lançou luz sobre esse debate, enquanto outros players de nicho (como Lojas Renner) mantêm sua trajetória de crescimento em um setor de comércio eletrônico que deve pelo menos triplicar nos próximos anos.
A equipe do banco destaca que em mercados mais maduros, como na China ou nos EUA, o comércio eletrônico desenvolveu-se de tal forma que era impossível que novos participantes ou participantes de nicho fossem bem-sucedidos.
Na China, o Alibaba e o Tencent dominaram o mercado com seus ecossistemas completos. O Alibaba não é apenas um player de comércio eletrônico on-line. É a principal fonte de pesquisas de produtos on-line, integrando uma rede de vendedores, prestadores de serviços, empresas de logística e fabricantes orientada por dados. Em outras palavras, ele faz o que Amazon (NASDAQ:AMZN), eBay, PayPal, Google (NASDAQ:GOOGL), FedEx, atacadistas e muitos fabricantes fazem nos EUA.
No mercado dos EUA, mais da metade das buscas de produtos (52%) começam na Amazon. Não é coincidência que a Amazon tenha cerca de 45% do mercado de comércio eletrônico nos EUA.
Assim, o BTG acredita que apenas ser um player especializado de nicho seja a chave para ter sucesso no e-commerce brasileiro. Somente aqueles focados em fornecer uma experiência de consumo superior (de preferência com uma pegada no varejo físico para custos de entrega baratos) terão a chance de competir contra a tendência de consolidação (e mercados horizontais) que está à frente do setor nos próximos anos.
Fonte: Investing BR