O modelo de licenciamento deve ser usado para que grifes estrangeiras passem a operar no Brasil
Por Raquel Brandão com colaboração de Adriana Mattos
O grupo de moda Arezzo &Co , dono de 10 marcas, estuda trazer de 4 a 5 grifes estrangeiras ao Brasil, em operação de licenciamento, como a que tem com a americana Vans. Uma delas está com negociação avançada, disse o presidente do grupo Alexandre Birman. “Temos de 4 a 5 NDAs [sigla em inglês para acordos de sigilo de informações], sendo um bem avançado e vai ser forte. [Licenciamento] é um assunto muito ativo].”
A empresa poderia, segundo fontes ouvidas pelo Valor, fechar acordos de licenciamento via joint venture, em que sócios local e estrangeiro dividem o investimento. “Licenciamento é uma coisa barata e rápida para colocar de pé. A informação que circula hoje é que algumas redes internacionais de moda para classe média e de moda premium querem vir para cá, mas não querem fazer isso sozinhas pela complexidade do mercado brasileiro, e para reduzir o risco do projeto”, diz um sócio de uma butique de fusões e aquisições.
O acordo de licenciamento e gestão da marca Calvin Klein no Brasil com os empresários Eduardo e Alexandre Brett, do Grupo BR Labels é uma referência no mercado. “É uma das parcerias mais longevas no setor, em que pesa o conhecimento de aspectos tributários e há certa autonomia local, bem diferente do modelo que Forever 21 ou Mango tentaram no Brasil”, diz uma segunda pessoa ouvida pela reportagem.
A Arezzo &Co mostrou nesta quarta-feira, no prédio da Bienal de São Paulo, as novas coleções de verão para franqueados e donos de lojas multimarcas, com projeção de fazer R$ 380 milhões em vendas nesse evento. Serão 3 dias – os desfiles aconteceram na quarta-feira e as negociações serão realizadas quinta e sexta-feira. O grupo tem 950 lojas, sendo 167 próprias e 783 franquias.
Birman prevê que as vendas totais devem crescer mais de 35% no segundo semestre. No segundo trimestre, a receita saltou 71%, para R$ 945 milhões. “O macro não afeta tanto nossos negócios, nem eleições. Hoje [o macro] é muito bom, comparado ao que vivemos na pandemia”, disse. O executivo argumenta que a empresa tem investido cada vez mais em marketing e na cadeia de suprimentos. “Nossas marcas estão muito bem posicionadas. Estamos falando de um crescimento de longo prazo.”
O ambiente complexo na Europa, no entanto, especialmente pela crise energética que se desenha com a continuidade do conflito entre Rússia e Ucrânia, impactou alguns dos planos da empresa. A meta era seguir a expansão internacional a exemplo da operação norte-americana. Começaria pela Itália, mas os projetos foram suspensos. Nos Estados Unidos, o grupo segue confiante, observando crescimento robusto. “Adotamos um posicionamento mais competitivo. A grande parte das lojas de departamento tem problemas e talvez tenha impacto nesse canal, mas as vendas D2C [direto ao consumidor] estão muito bem”, diz.
Em setembro a Arezzo, fundada por Anderson Birman, pai de Alexandre, faz 50 anos. Depois de uma série de aquisições, que transformaram a empresa de calçados em um grupo de moda, seu presidente considera fazer de uma a duas aquisições ao ano, mas com “alvos bem estabelecidos”. O negócio reúne 10 marcas, a ZZ Mall (um shopping center virtual) e o brechó de luxo Troc.
Fonte: Valor Econômico