Com digitalização, mais marcas e parceria com celebridades, Arezzo &Co superou os desafios do varejo na pandemia, cresceu e vê espaço para mais
Por Marina Filippe
A ideia de que parte da população em home office trabalharia descalça e de pijamas não faz nenhum sentido quando se olha os resultados da varejista de Arezzo & Co. No quarto trimestre a companhia registrou 802,3 milhões de reais de receita bruta, um crescimento de 39,8% quando comparado ao mesmo período do ano anterior; e lucro líquido ajustado de 83,2 milhões de reais com crescimento de 77,8% também quando comparado ao quarto trimestre de 2019. O período é o primeiro com os resultados da Reserva, adquirida em outubro do ano passado.
“Os resultados refletem o acúmulo das ações que preparamos ao longo do tempo e foram turbinadas no trimestre. Podemos dizer que temos uma nova Arezzo depois do quarto trimestre de 2020 com a consolidação da digitalização e novos patamares a partir de marcos como o primeiro ano a Vans no Grupo e a chegada da Reserva. Podemos sair da marca de 2 bilhões de reais faturados neste ano para 3 bilhões de reais em 2021”, afirma Alexandre Birman, presidente da Arezzo & Co, em entrevista exclusiva à EXAME.
A compra da Reserva é surpreendente com a afirmação da companhia de que este Natal, em poucos meses de grupo, já é o maior da história da marca. A Reserva apresentou 19% de crescimento nas vendas em lojas próprias e e-commerce. “As pessoas escolhem marcas queridas para presentear e isso reflete o resultado da Reserva. Estamos apenas começando o trabalho com a marca e animados com o lançamento de tênis feminino e outras novidades no portfólio”, diz Birman.
Outra novidade do trimestre é a marca Troc dentro da plataforma online ZZMall, que permite o consumidor vender peças usadas e em breve contará com mais serviços como uma carteira digital que permitirá usar o valor da venda em produtos do grupo Arezzo. O ZZMall atualmente conta com 40 marcas e 150 mil downloads do app.
Já a Vans tem focado na abertura de lojas. Em 2020 foram oito novas unidades e há a expectativa para mais 14 em 2021. “Estamos confiantes de que rapidamente a marca chegará no tamanho que tínhamos projetado de 500 milhões de reais de faturamento. Em 2020 foram 231,9 milhões de reais, uma participação relevante de quase 13% da receita do grupo”.
As marcas Arezzo e Schutz não só continuam comandando o grupo no faturamento, com 42,3% e 23,8% do total no ano respectivamente, como também gerando novas tendências. Na Arezzo o modelo de sandálias Brizza representou 9% das vendas e, em neste mês, passará a ser uma marca independente, com a impressão Brizza na palmilha e Arezzo no solado. Parte do sucesso da marca está atrelado a parceria com a atriz Bruna Marquezine, que é o rosto da marca e tem um acordo percentual sobre as receitas.
Na Schutz também houve parceria inédita. A marca, que apresentou receita de 152,4 milhões com crescimento de 25%, lançou a linha colaborativa com a atriz e empreendedora Marina Ruy Barbosa, dona da marca Ginger, e vendeu mais de 3 mil pares de calçados, 500 bolsas e 300 itens de vestuário nos sies primeiros dias. Em dezembro, a parceria representou 7% das vendas da Schutz. Já a marca Ana Capri lançou uma coleção em parceria com a cantora Manu Gavassi em busca de um público jovem.
Essas parcerias estão relacionadas ao aumento do investimento em marketing ao mesmo tempo em que corte de custos foram realizados em outras áreas. Para manter a operação americana a companhia teve um corte de 52 para 12 funcionários que trabalhavam na Madison Avenue e recontratou brasileiros. “Com a digitalização percebemos que fazia sentido ter uma equipe aqui trabalhando para alcançar melhores resultados nos Estados Unidos”, afirma Birman. No país norte-americano a receita registrada teve crescimento de 19,1%, mas queda de 9,4% quando em dólares. Já as exportações para outros países registraram queda de 6,2% no faturamento do trimestre.
Para este ano, a Arezzo & Co espera continuar crescendo, fortalecendo suas marcas e está preparada para novos lançamentos e aquisições. Mesmo com o fechamento de lojas por conta da Covid-19 a empresa espera conseguir repassar para os franqueados as vendas que surgem por meios digitais como o App da Vendedora, além de realizar as negociações necessárias conforme a pandemia seguir.
Fonte: Exame