Por Adriana Mattos e Monica Scaramuzzo | A potencial combinação dos negócios entre Arezzo e Grupo Soma foi bem-recebida pelo varejo de moda e por parte do mercado financeiro, uma vez que a união dos negócios amplia a escala de venda e deve reduzir custos, algo cada vez mais vital no varejo para alta renda. Mas é preciso entender como vai ser a integração de cultura e captação de sinergias dessa operação.
“É um movimento desafiador porque o Soma ainda está digerindo a Hering. Eles fizeram uma aquisição maior, que é complexa porque tem o braço de indústria”, afirma Alberto Serrentino, fundador da Varese Retail.
“A Arezzo é outro mundo e ainda tem AR&Co, que são negócios que têm certa independência nos processos e que não são totalmente integrados ainda. Como em toda a fusão, o racional faz muito sentido, criando o maior ‘house of brands”, mas tem o desafio da cultura, da integração para se capturar as sinergia. Muitas dão certo, outras não”, afirma o consultor.
Na visão da Ativa Investimentos, há méritos estratégicos claros, mas será uma integração trabalhosa e que pode trazer dificuldades, reforça a empresa.
O analista Pedro Serra escreveu em relatório ontem que uma fusão fortalece a estratégia da Arezzo de se tornar um conglomerado de marcas e traz sinergias de custos com melhor negociação com fornecedores e diluição de custos fixos.
Como toda fusão, o racional faz sentido. O desafio será a cultura”
“O negócio, se concretizando, é positivo no curto prazo para o acionista, mas, no médio prazo será desafiador para a integração completa dos grupos”, disse a Ativa em seu relatório.
Dois gestores com Soma na carteira veem o “timing” da operação como positivo e “quase perfeito”, afirma.
“As ações das empresas vinham apanhando mais, pelo fato de estarem altamente expostas a subvenção de ICMS, cujas regras mudaram no fim de 2023. E esse ‘deal’ agora, se vingar, dá um ‘up’ num momento importante”, diz um investidor.
Em dezembro, medida provisória alterou os incentivos de ICMS dados pelos Estados para as empresas, limitando significativamente esses montantes.
Tratou-se demudança importante para as empresas expostas aos incentivos fiscais de ICMS, como é o caso de muitos varejistas, como moda.
Fonte: Valor Econômico