A Arezzo&Co já saiu da fase de defesa e adaptação às dificuldades trazidas pela pandemia e está em modo de ataque, segundo seu presidente, Alexandre Birman. Em Live feita pelo Valor ontem, o executivo disse que o momento é desafiador, mas que a companhia pretende continuar avançando e ganhar participação de mercado. “Estamos trabalhando muito rápido, lançando coleções novas a cada 15 dias”, disse. Desde o início da pandemia, a Arezzo já lançou cinco coleções para lojas físicas e comércio eletrônico.
Em agosto, a companhia vai lançar uma nova versão de seu comércio eletrônico, que vai permitir a compra de produtos das sete marcas em um mesmo carrinho. Hoje, é preciso entrar no site de cada uma e fazer as compras separadamente. Birman afirmou que os próximos passos serão adotar o modelo de “marketplace” (em que terceiros podem vender pelo site) e a oferta de produtos de segunda mão – uma tendência que ganha força no mercado internacional de luxo. O grupo tem uma base de clientes cadastrados de 10,2 milhões de contatos, segundo ele. “Tem muito para vir”, disse Birman.
O desempenho geral da Arezzo, segundo o executivo, foi “fenomenal” em julho, com geração de caixa positivo. O executivo disse ver uma recuperação gradual da demanda em São Paulo, maior praça para as marcas da companhia, e uma recuperação rápida no Nordeste e no Norte do país. “Em Manaus estamos atingindo mais de 100% das vendas alcançadas no ano passado”, disse Birman. Já em outras regiões, como no Sul do Brasil, a situação ainda é crítica.
Nos Estados Unidos, o executivo disse que o volume de vendas triplicou na pandemia, após a companhia fazer ajustes na operação, agora totalmente concentrada na venda on-line e em grandes redes. “Tivemos o fechamento de várias lojas. Não acreditamos que o varejo físico americano tenha condição de ir muito além”, disse, comentando sobre o cenário de falência de redes como a Neiman Marcus, e o cenário de concentração em poucas marcas – que, por sua vez, têm operações de tecnologia e comércio eletrônico bem estruturadas, usando suas lojas como centros de distribuição.
O executivo disse que apesar da situação econômica e política frágil nos EUA no momento, a Arezzo&Co continua a acreditar no país no longo prazo. Birman acrescentou que a redução da estrutura física da companhia nos EUA permitiu à Arezzo operar perto do lucro em julho.
Em linhas gerais, afirmou o executivo, os pagamentos dos franqueados apresentam um índice de adimplência de 92% atualmente. A Arezzo prorrogou por 60 dias o prazo de cobrança de royalties dos franqueados. Além disso, criou um fundo de auxílio aos franqueados, destinando 5% das vendas do comércio eletrônico para ajudar os lojistas em dificuldades.
Em relação aos fornecedores, a companhia não postergou prazos de pagamento. Por causa da pandemia, a demanda por matérias-primas caiu e os custos de produção ficaram menores, apesar da variação cambial e das incertezas, com produtos derivados do petróleo ficando mais caros, disse Birman.
Em março, para fazer frente à crise que estava por vir, a Arezzo&Co fez um reforço em seu caixa com uma captação de R$ 450 milhões a juros que o executivo classificou como muito baixos. Os recursos, entretanto, foram pouco usados e a empresa apresenta um caixa bruto de R$ 680 milhões no momento.
O executivo disse que o perfil de consumo das consumidoras mudou durante a pandemia, com saltos dando espaço para calçados baixos, tênis e slides. Como o departamento de desenvolvimento só ficou fechado por três semanas, a companhia conseguiu desenvolver novos produtos que atendessem a essa demanda. Um exemplo disso é o modelo ZZ Play, da Arezzo, que em sua primeira tiragem teve um lote de 12 mil unidades. Na reposição da semana passada, foram 25 mil.
O modelo de lona, que custa R$ 129,90, é um exemplo, segundo Birman, de como a companhia tem trabalhado com sua cadeia, buscando redução de custos, sem perda de rentabilidade. No momento, a Arezzo&Co tem 500 lojas reabertas em todo o país e 211 ainda fechadas.
Fonte: Valor Econômico