A Arezzo & Co identificou algumas dezenas de shoppings nos Estados Unidos com potencial para abrigar futuras lojas de sapatos femininos, parte de um ambicioso plano para firmar sua marca Schutz no maior mercado consumidor de moda do mundo.
Enquanto trabalha para inaugurar em abril a segunda loja de rua nos EUA, o presidente da empresa, Alexandre Birman, disse em entrevista à Reuters que já pensa em uma terceira unidade a ser aberta por lá em um shopping de grande circulação. Esse seria o último teste para estabelecer uma rede de lojas Schutz no país, possivelmente a partir de 2017.
A companhia busca tirar proveito do câmbio favorável à exportação de sapatos femininos pelo Brasil, com o dólar ao redor de 3,60 reais, mesmo quando comparado à China. Para Birman, o Brasil continuaria competitivo nesse segmento mesmo que a divisa norte-americana voltasse a 2,80 reais.
Filho do fundador da Arezzo & Co e ele próprio encarregado da abertura da primeira loja Schutz em solo norte-americano em 2012, Birman afirmou que há pelo menos 30 shoppings de classe média alta em localidades nos EUA com características interessantes, indicando o tamanho potencial da rede de lojas Schutz se a expansão nos EUA for levada adiante.
“A gente não vê um líder claro do varejo de calçados nos EUA hoje, teve no passado a Nine West”, disse Birman, referindo-se a varejista de sapatos comprada pelo grupo de private equity Sycamore Partners em 2014 e com dificuldades financeiras. Procurada, a Nine West não respondeu a pedidos de comentários.
A primeira Schutz nos EUA na Madison Avenue, em Nova York, chegou ao equilíbrio entre receitas e despesas em 2015, após dois anos de prejuízo, graças a um conjunto de iniciativas: reforma da loja, contratação de um time local para desenvolver produtos e investimento em blogueiras como “embaixadoras da marca” para atrair clientes.
A segunda Schutz será inaugurada em abril na Beverly Avenue, em Los Angeles, com mais de 200 metros quadrados de área de vendas. “O Estado da Califórnia é o maior mercado de salto alto dos EUA, segmento em que a Schutz é conhecida”, disse Birman.
“Se tudo na segunda loja der certo como estamos prevendo, tem chance de a terceira fase acontecer em 2016, abrir uma loja em um shopping em Los Angeles, Nova Jersey ou Flórida”, afirmou ele, acrescentando que o “rollout” nos EUA poderia ocorrer no próximo ano sob o modelo de lojas próprias, e não de franquias como no Brasil.
O empresário avalia que será preciso no mínimo três anos para consolidar a marca Schutz nos EUA, para depois disso pensar no próximo mercado-alvo da Arezzo & Co no exterior.
Os EUA representam hoje cerca de um terço de toda exportação da companhia. Outros 50 por cento das vendas externas são de calçados com as marcas da Arezzo & Co para varejistas em outros países e 15 por cento para o chamado “private label”, sapatos vendidos pela empresa brasileira com marcas de terceiros.
Birman espera que as exportações representem entre 12 e 13 por cento das vendas totais da Arezzo & Co em 2016, contra 8,9 por cento no ano passado.
BRASIL
No Brasil, onde o carro-chefe da companhia é a marca Arezzo, Birman disse que a empresa tem conseguido manter as vendas próximas da estabilidade, apesar do cenário desafiador no varejo devido à recessão econômica e diante da crise política.
“A gente obviamente sentiu uma diminuição do tráfego de clientes nas lojas, mas a gente tem conseguido aumentar o tíquete médio”, disse Birman.
Com as incertezas no mercado interno, a Arezzo & Co tem buscado manter forte posição de caixa, inclusive ampliando suas disponibilidades no atual trimestre.
“A empresa tem cerca de 110 milhões de reais de caixa líquido, isso faz um caixa bruto de cerca de 240 milhões de reais… Com apenas minha receita financeira eu pago a amortização da minha dívida”, completou Birman.