Para a empresa, uma categoria com alto potencial de crescimento no e-commerce é a de esportes, com foco no futebol
O Facebook anunciou hoje (09/12) as principais iniciativas de marketing e vendas que lançou na América Latina em 2020 e suas expectativas em relação comportamento de consumidores em 2021, em um evento inédito para a imprensa regional. A companhia lançou neste ano novas ferramentas e recursos para pequenas e médias empresas — que constituem 99% das companhias na América Latina — acelerarem sua transformação digital. “Há muitos exemplos de criatividade, resiliência e adaptação, muitas vezes apenas usando um telefone celular”, diz a havaiana Maren Lau, vice-presidente de operações do Facebook para a América Latina, de sua casa em São Paulo.
Comércio online via redes sociais
Nos Estados Unidos, o comércio eletrônico cresceu em apenas 100 dias no segundo trimestre de 2020 o equivalente a quatro vezes a alta média anual. No Brasil, 75% dos consumidores experimentaram pelo menos uma nova plataforma de compras digitais, como o WhatsApp, durante a pandemia. De acordo com pesquisa do Facebook, em 2020, na Colômbia, 60% das pessoas estão gastando mais tempo pesquisando online; na Argentina, 52%; no Chile 50%; e no Brasil, 40%. Esses números são maiores entre os jovens da geração Z e Y, mas o crescimento ocorre em todas as idades, já que muitos consumidores na América Latina compraram online pela primeira vez durante a pandemia.
O consumir está comprando mais online e em categorias diferentes por causa da necessidade de isolamento social. Para o Facebook, um setor em crescimento é o de esportes, com foco no futebol.
Leonardo Lenz, diretor de parcerias esportivas do Facebook na América Latina, diz que a empresa quer encontrar parceiros para fazer crescer o conteúdo sobre futebol feminino na rede social, e já dedicou uma equipe para cuidar deste assunto. “Criamos um plano muito amplo para enfrentar o desafio de aumentar a representação das mulheres no esporte na América Latina”, diz o executivo.
Uma das iniciativas já em prática são os grupos de discussões entre mulheres e homens, executivos de times, para reunir sugestões de como aumentar a representatividade feminina no futebol em toda a região.“Estamos apenas começando, mas estamos muito animados em poder realmente mudar o cenário nesta frente”, diz Lenz. Uma forma de monetização para os times, federações e emissoras lançada recentemente é a criação de eventos online pagos no Facebook. Outra é a assinatura de conteúdo.
Narrativas on e offline
Para 2021, o Facebook prevê mais “experiências de comércio híbrido”, como comprar online e retirar na loja no mesmo dia. A VP da empresa na América Latina acredita que o movimento de shopping centers deve diminuir e as empresas que oferecerem experiências digitais mais inovadoras, como realidade aumentada, sairão na frente. “Quase metade dos consumidores hoje no Brasil disse que não está satisfeito com sua atual experiência de compra online”, diz Maren. “Esse atrito na jornada [de compra] custou US $20 bilhões para as empresas em 2019”.
Contar histórias é uma estratégia recomendada pelo Facebook para as marcas chamarem atenção dos consumidores. Organizar essa narrativa de forma adequada a todas as plataformas de um jeito não linear e interativo é o desafio. Para contar essa história da marca ou do produto, muitas empresas têm usado influenciadores, uma estratégia que tem se mostrado eficaz para construir conexões fortes e significativas entre marcas e pessoas —sobretudo os microinfluenciadores, capazes de gerar maior conexão com novos públicos.
Por isso, o Facebook está trabalhando em ferramentas para permitir às marcas novas formas de contar histórias que incentivem maior interatividade com os consumidores. Um exemplo interessante é da marca de salgadinhos Pringles, que criou com a ajuda do Facebook um game com realidade aumentada, no qual ao posicionar o celular em uma superfície a tela mostrava buracos de onde saíam embalagens de Pringles. O usuário que conseguisse clicar rapidamente assim que uma embalagem aparecesse ganhava pontos.
Venda ao vivo por vídeos
Durante a pandemia, também aumentou muito o uso de vídeos online, com a febre das lives — no Instagram, Facebook e YouTube. Desde o lançamento desta ferramenta em 2016, ocorreram 10 bilhões de eventos ao vivo em todo o mundo, incluindo as lives do Instagram. São 100 milhões de pessoas por dia assistindo algum evento no Instagram e no Facebook. “É uma forma de as pessoas se conectarem com amigos e familiares e de as empresas se envolverem com os clientes”, diz a Maren. “As companhias adaptaram sua comunicação e usaram Instagram Live para manter sua força de trabalho protegida, porque o vídeo humaniza a comunicação interna”, complementa a vice-presidente.
Uma tendência em crescimento, observada na Black Friday desse ano, é a de vendas ao vivo por vídeo, ainda em estágio inicial no Instagram Live. O modelo nasceu na TV e migrou para as redes sociais, com influenciadores falando de produtos ao vivo, e interagindo ativamente com os consumidores. “Tudo em torno do entretenimento digital e das compras ao vivo continuará a crescer”, projeta o Facebook. No México, a Amazon já usa o Live Shopping em seu site.
Outra tendência é a de transmissão de partidas de esportes ao vivo por meio do Facebook Watch, que chegou a bater recordes de audiência nos últimos meses. As eliminatórias do primeiro semestre de 2021 da Champions League serão veiculadas pelo Facebook Watch, como ocorreram na temporada passada, assim como as partidas do campeonato paulista feminino.
Comércio por conversas
Outra tendência que já estava em ascensão e foi acelerada pela pandemia é a de vendas via plataformas de mensagens na América Latina. “Milhões de pequenas empresas migraram para o WhatsApp e Messenger”, diz Maren.
As mensagens tem sido parte importante da jornada do consumidor, não apenas em compras mais simples, como também nas aquisições de decisão mais complexas, como automóveis. “Os grandes fabricantes de carros no Brasil já usam as mensagens como um canal estratégico de vendas”, afirma a executiva. “As pessoas adotam as mensagens porque é fácil e conveniente de usar”.
O Facebook acredita que mais empresas na América Latina devem usar aplicativos como WhatsApp e Messenger para apoiar transações comerciais. Para permitir que marcas se sobressaiam entre suas concorrentes e chamem atenção de consumidores, a rede social tem trabalhado em ferramentas para personalização.
Um exemplo interessante de ferramenta criada para aumentar interatividade é o da Belcorp, uma marca de cosméticos de venda porta a porta. Entre outras iniciativas em conjunto com a marca iniciadas há seis meses, o Facebook transformou todo o portfólio de produtos em adesivos digitais, para que os revendedores possam enviar facilmente imagens dos produtos da forma como as pessoas já dialogam no WhatsApp. As figurinhas também podem ter tags de promoção, o tema da campanha e até mesmo expressões de uso específico da comunidade de revendedores.
Comércio local
No México, 78% dos consumidores entrevistados numa pesquisa encomendada pelo Facebook a consultoria Deloitte começaram a comprar de novos pequenos negócios locais durante a pandemia, preocupados com a sobrevivência deles. Grandes empresas também apoiaram os comércios locais. “Comprar de seus vizinhos se tornou uma forma de demonstração de solidariedade e até de responsabilidade social. E eu vejo isso continuando em 2021”, salientou a vice-presidente do Facebook para América Latina.
Fonte: Época Negócios