O maior negócio do Mercado Livre pode estar longe de sua plataforma de comércio eletrônico. O MercadoPago, plataforma de pagamentos do Mercado Livre, cresce principalmente fora do marketplace. Criado para facilitar as compras e vendas dentro do comércio eletrônico da companhia, a fintech expande sua atuação cada vez mais para fora do marketplace, com meios de pagamento digitais, maquininhas, pagamento por QR code e oferta de crédito.
Em setembro, os pagamentos realizados fora da plataforma superaram os do marketplace. No quarto trimestre de 2018, o Mercado Pago transacionou 5,3 bilhões de dólares, aumento de 22,1% contra o ano passado. O número de transações cresceu 71,7%, para mais de 125,6 milhões no último trimestre.
O volume de pagamentos fora da plataforma totalizou 2,1 bilhões de dólares, crescimento de 90,1% em dólares. A maior parte vem das maquininhas mobile, as MPOS, que respondem por 46,6% dos pagamentos feitos fora da plataforma. Já no marketplace, foram 3,2 bilhões de dólares transacionados.
Para Marcos Galperín co-fundador e presidente do Mercado Livre, , a fintech tem uma importância estratégica, principalmente em relação às transações feitas offline, com máquinas POS em pontos de venda físicos. “Estamos acelerando o movimento de online para offline. O Mercado Pago tem a oportunidade de ser um poderoso e disruptivo provedor de meios de pagamentos”, afirmou em teleconferência de resultados ontem, 26.
“Acreditamos que os pagamentos feitos fora da plataforma serão muitas vezes maiores do que os do marketplace”, disse.
Iniciativas
Criado em 2003 para facilitar a transação entre vendedor e comprador dentro do site do Mercado Livre, o Mercado Pago aos poucos passou a oferecer outros serviços.
Um deles é o pagamento em lojas físicas por QR Code. A varejista online Mercado Livre já tem 50.000 estabelecimentos no Brasil aceitando pagamento por QR Code via seu aplicativo Mercado Pago. A novidade chegou primeiro à Argentina, onde o Mercado Livre foi fundado, e já está presente em mais de 160.000 estabelecimentos cadastrados. O sucesso foi impulsionado por grandes parceiros, como o McDonald’s, em que a frequência de compra é alta.
Em dezembro, a gigante de tecnologia anunciou que disponibilizará mais 245 milhões de reais em financiamentos para os vendedores em seu marketplace. A captação foi feita com o BID Invest, do Grupo Banco Interamericano de Desenvolvimento, e pela gestora e provedora de crédito privado Captalys.
A empresa também uma carteira digital, que no último trimestre do ano passado foi usada por milhões de usuários, com uma base quatro vezes maior que há um ano. As transações na carteira digital feitas por um celular cresceram 450% em um ano. Uma das estratégias para esse ano é ampliar o carregamento da carteira em dinheiro, além dos cartões de crédito ou débito.
O Mercado Livre não é a única varejista a investir em meios de pagamento digitais. O Magazine Luiza anunciou em setembro a criação do Magalu Pagamentos, para antecipação de recebíveis dos lojistas do marketplace. A B2W lançou a Ame Digital, uma carteira digital para transferências, salto em conta e pagamento de compras online. Com tanta concorrência, conquistar o dinheiro do cliente se tornou o novo desafio das varejistas.
Fonte: Exame