Vendas de TVs despencaram 37% em 2015 e números de janeiro sinalizam piora no desempenho
Depois da bonança com a redução de IPI (Imposto sobre Produto Industrializado) entre 2009 e 2013, a indústria de eletrodomésticos amarga queda de até 37% nas vendas em 2015. O setor, porém, só deve batalhar por uma estratégia de estímulo a partir de março.
Em entrevista a O Financista, Lourival Kiçula, presidente da Eletros (Associação Nacional de Fabricantes de Produtos Eletroeletrônicos), explica que o consumidor já está com o orçamento muito comprometido nos dois primeiros meses do ano, com o pagamento de IPVA, mensalidades escolares etc.
Dessa forma, a estratégia da Eletros é observar se os dados negativos observados no início deste ano se repetirão e, a partir dos resultados, propor ações de estímulos às vendas que englobam do comércio ao governo, o que pode incluir até um novo pedido de redução de IPI.
O Financista: As vendas do setor de eletrodoméstico estão muito atreladas ao crédito e à confiança do consumidor. Com a expectativa de contínua deterioração desses indicadores, qual a projeção para o setor em 2016?
Lourival Kiçula: Não acho que será tão ruim quanto 2015, embora janeiro já tenha começado bem pior. Janeiro de 2016 já foi bem pior que 2015, mas eu não tenho os números finais. Janeiro foi tão complicado que meus associados ainda não me deram nenhuma perspectiva.
O Financista: A menor demanda em 2015 já comprometeu os empregos do setor? Há perspectiva de demissões neste ano?
Kiçula: Não medi os números de demissões, mas afetou. Janeiro e fevereiro são meses complicados. Acho que a indústria vai ficar quietinha até o final de fevereiro e ver como começa março. Se começar do jeito que foi janeiro pode diminuir mais [vagas de trabalho].
O Financista: Qual a estratégia da indústria para estimular o setor?
Kiçula: No meio de uma recessão temos que nos manter calmos. Não adianta propor alguma coisa se o trabalhador já está apertado para pagar aluguel, escola, uniformes… Temos que esperar passar um pouquinho. Temos propostas para mexer com o mercado, mas seria ruim nesse momento.
Vamos sentar com todos os associados e combinar com o governo alguma estratégia – e com os revendedores também – para ver se movimentamos o mercado porque está todo mundo no mesmo barco. Precisamos vender mais, o governo precisa arrecadar mais impostos, o varejo precisa vender e o consumidor precisa comprar alguns produtos, então temos que estimulá-lo a fazer isso de alguma maneira sem se sentir apertado demais.
O governo sempre esteve bastante favorável. Já tivemos redução do IPI, quando as vendas de linhas branca subiram de 15 milhões para mais de 18 milhões de unidades.
Não estamos contando [com ajuda do governo], mas vamos fazer uma apresentação para o governo no momento adequado. Agora não adianta pedir porque o resultado em janeiro e fevereiro não seria bom. Pode ser feito depois de março.
O Financista: Um pedido de redução do IPI entrará na pauta de negociação com o governo?
Kiçula: Podemos solicitar. Pedir não é vergonha, a gente vai lá e pede. Essa seria uma das possibilidades, mas existem outras coisas que estamos discutindo internamente. Ainda não estamos prontos para divulgar, porque ainda não está acertado [com os associados].