Reportagem apontou que a Arezzo mostrou a investidores os ativos que considera mais interessantes
Por Adriana Mattos
Na oferta subsequente de ações (follow on) de até R$ 830 milhões que a Arezzo&Co vem colocando de pé nas últimas semanas, o que mais chamou atenção dos investidores nos “roadshows” foi o apetite da companhia, de olho em potenciais fusões e aquisições.
Para esse follow on inédito, o primeiro desde o IPO, a Arezzo apresentou um plano agressivo, que surpreendeu mesmo potenciais investidores a par da ambição da Arezzo de se tornar uma grande “casa de marcas”.
Nas rodadas, o comando da companhia levou uma lista de ativos de primeira linha que tem interesse, como Renner, C&A, Soma (já com Hering, que a empresa deixou escapar), Centauro e Amaro, dizem duas fontes. Para negócios desse tamanho saírem do papel, já houve algumas sondagens a alguns ativos, sem clara evolução até agora.
A Arezzo&Co informou nesta tarde, em nota, que vê uma alta pulverização do varejo brasileiro, mas não está negociando com redes de varejo citadas como ativos que interessam à empresa, em matéria publicada pelo Valor nesta manhã.
“Como já informado pela Arezzo & Co, a estratégia de aquisições da companhia se baseia na convicção de que o varejo de moda brasileiro é fragmentado e apresenta uma grande oportunidade de consolidação. A empresa informa, no entanto, que não está negociando as aquisições especuladas em reportagem do Valor Econômico nesta quinta-feira”.
O Valor Pro informou hoje que a empresa destacou, em apresentações junto a investidores para o seu “follow-on”, os ativos considerados mais interessantes, dentro de um plano de construção de uma megavarejista de moda. A matéria não relata que há conversas em andamento neste momento.
Segundo as fontes ouvidas pela reportagem, o modelo que a Arezzo tem em mente nesses “big” negócios envolvem troca de ação mais dinheiro, usando caixa e dívida.
“O que eles mais querem ainda é Soma”, diz um gestor a par das informações.
Segundo o Valor apurou, a Arezzo já chegou a olhar mais profundamente a C&A, depois da pandemia, para um acordo, mas as conversas não avançaram.
Dois gestores ouvidos, que estiveram nos “roadshows”, veem espaço mais provável para uma operação de curto prazo com Amaro, Soma ou Centauro/Nike, considerando portfólios sinérgicos e possível abertura para negociação.
Como é pouco endividada, ainda há espaço para reforçar o caixa se for preciso, sem alavancar tanto a empresa, assim como também não é um empecilho uma maior diluição dos sócios, considerando a necessidade eventual de novas ofertas. A Arezzo acredita que faz sentido ser menor em algo muito maior.
Anderson e Alexandre Birman têm 45,8% da companhia, caindo para menos de 50% desde a operação com a Reserva, em 2020. Então, na prática, ambos já abriram mão do paradigma do controle, sagrado para muitos grupos familiares brasileiros, em troca de crescimento mais acelerado.
Sobre alavancagem, a relação entre dívida líquida e lucro antes de juros, impostos amortização e depreciação estava em 0,5 vez em setembro, acima do que se via um ano atrás, mas um dos menores indicadores do setor.
Apesar da grande expectativa que vem sendo gerada no mercado, como até agora a Arezzo não fez negócios com marcas com grande escala nacional, ainda é uma incógnita como a empresa faria essa integração de culturas e de governança em negócios com gestão consolidada.
“Comprar a Reserva é uma coisa, mas juntar com a Renner é outra”, diz um analista de investimentos.
Desde que adquiriu a Reserva, a Arezzo trouxe marcas menores, como a de streetwear Baw e de moda feminina Carol Bassi. Mesmo assim, a análise geral é de que os Birman estão focados em montar esse modelo de varejo de moda “lifestyle” digital no curto e médio prazo, e não devem parar até isso avançar.
No follow on totalmente primário, a oferta base é de 7,5 milhões de ações (cerca de R$ 615 milhões na cotação atual) podendo chegar a R$ 830 milhões, considerando o lote adicional de até 35%.
Fonte: Valor Econômico