Por Marcio Kroehn | No início de julho, os acionistas controladores da Casas Pernambucanas encerraram uma briga familiar que durava décadas. A consequência da paz selada pelos seis blocos familiares levou à troca do management da Pernambucanas, anunciada nesta manhã de 1º de agosto.
Marcelo Labuto, que assumiu como CEO em outubro do ano passado, deixa o cargo. Em seu lugar chega Ricardo Doebeli, ex-CEO da Lupatech, que nos últimos anos era sócio da McKinsey. Nos últimos seis anos, Doebeli liderou transformações de empresas nos segmentos de consumo, logística e varejo na área que liderava na consultoria, a McKinsey Transformation.
Junto com o novo CEO, a Pernambucanas anunciou a contratação de Mauricio Hasson, ex-CFO da Vero Internet, além de passagens pela 3Tentos Agroindustrial, Vicunha e Vigor Alimentos. Ele assume o lugar de Marcello Miranda, que deve ir para uma nova função na varejista.
No comunicado oficial, a rede varejista informa que a mudança traz às “posições mais estratégicas do quadro de gestão perfis com sólida experiência de negócios e de finanças, que se complementam para dar ainda mais força à transformação voltada ao crescimento e rentabilização do negócio”.
Labuto alegou “motivações pessoais” para sair da Pernambucanas. Há nove meses, quando chegou para assumir a cadeira de Sérgio Borriello, que estava há sete anos na presidência, ele trazia como credenciais o conhecimento das oportunidades do varejo e o entendimento das características dos serviços financeiros.
No comunicado, Martin Mitteldorf, presidente do conselho de administração, afirmou que “ele [Labuto] contribuiu com o alcance de resultados consistentes”. Mitteldorf, sócio da MOV, uma gestora de investimentos de impacto, continuará como chairman da Pernambucanas. O conselho de administração, que antes era tratado como consultivo, passou a ser independente, com seis membros.
Doebeli e Hasson receberam a missão de dar continuidade ao movimento de reorganização da Pernambucanas. “Trazemos uma visão integrada para questões prioritárias: a manutenção de uma dinâmica de inovação constante em ambas as frentes de negócio, o fortalecimento e a modernização dos processos de governança, e a maximização dos resultados”, afirmou o chairman no comunicado.
Assim como Labuto, o novo management da Pernambucanas terá de lidar com um mercado em profunda transformação, que vem sentindo os efeitos da importação de produtos baratos do exterior, com alguns desses nomes instalando operações no País, como é o caso da Shein.
Em junho, conforme apurou o NeoFeed, a Pernambucanas decidiu encerrar suas operações na categoria de celulares e smartphones, um dos segmentos em que a varejista de moda, cama, mesa e banho buscou diversificar suas receitas.
A medida vai abranger cerca de 400 quiosques ou espaços dedicados à categoria nos pontos de venda da varejista. Atualmente, a rede tem mais de 500 lojas com seu portfólio tradicional distribuídas em 340 cidades do País.
No ano passado, a receita consolidada da Pernambucanas foi de R$ 5,1 bilhões, contra R$ 4,7 bilhões em 2022. A geração de caixa foi de R$ 376 milhões. No período, a varejista reportou um prejuízo líquido de R$ 274,5 milhões, contra um lucro líquido de R$ 140,3 milhões no exercício anterior. A financeira Pefisa, com 16 unidades, tem uma carteira de R$ 4,3 bilhões.
Fonte: Neofeed