Após forte queda de vendas no setor, varejistas estão mais com o pé no chão
Economistas, empresários e consultores, ouvidos pelo jornal Valor Econômico nas últimas semanas, identificam o atual momento como aquele com a mais brutal desaceleração na história recente do varejo brasileiro. “Não houve queda tão abrupta nas vendas como a atual. Foi isso que chocou mais o setor”, disse Alberto Serrentino, consultor da área há 20 anos.
Mas, mesmo diante de um cenário ruim, existe uma boa notícia, que é a perspectiva de uma retomada acelerada na lucratividade das redes. “As companhias vão sair da crise mais enxutas e eficientes, com despesas menores. E aí, quando a receita voltar a subir, podemos esperar um aumento de lucratividade”, disse Serrentino, da consultoria Varese Retail. Em alguns casos, elas estão sendo obrigadas a fazer o ajuste porque a crise escondia ineficiências antigas.
Líderes de mercado como Grupo Pão de Açúcar, Magazine Luiza, Via Varejo, Hering e Riachuelo iniciaram ou ampliaram planos de reduções de custos no último ano. Na avaliação de Luiza Helena Trajano, presidente do conselho de administração do Magazine Luiza, a recessão obrigou as empresas a colocarem mais o “pé no chão”. “O desafio maior foi 2015. Apesar da crise também em 2016, nós estamos agora melhor adaptados, porque não estávamos acostumados com uma queda como a que houve. Então agora está todo mundo mais com o pé nos chão”, disse ela, dias atrás em evento sobre o setor.
Uma das principais discussões do mercado é a possibilidade de uma consolidação forçada, com redes comprando de forma “picada” pontos de vendas de varejistas em má situação financeira. Neste caso, o interesse não é na marca da loja, mas no ponto – ou seja, é uma consolidação que pode levar a uma maior concentração geográfica. São movimentos que exigem menor desembolso de caixa e ainda podem ser estrategicamente interessantes, dizem analistas.