Por Beth Koike
Fundada por Deusmar Queirós há 42 anos, a rede de farmácias Pague Menos será comandada pela primeira vez por um executivo de mercado. Trata-se de Jonas Marques, cearense com longa carreira na indústria farmacêutica, sendo os últimos sete anos nas operações da Austrália e Itália da Bayer.
Marques substitui Mário Queirós, filho de Deusmar, que ocupou a posição de CEO nos últimos oito anos. Nesse período, a empresa vendeu uma fatia de 17% à General Atlantic, abriu o capital e comprou a concorrente ExtraFarma.
No fim de setembro, a Pague Menos fez um aumento de capital de R$ 332 milhões para reduzir sua alavancagem que, ao fim do terceiro trimestre, estava em 2,4 vezes o lucro antes de juros, impostos, depreciação e amortização (Ebitda). A operação foi acompanhada pelos dois principais acionistas, a família Queirós, que detém 65%, e o fundo General Atlantic.
Segundo Patriciana Rodrigues, presidente do conselho da Pague Menos, seu irmão sinalizou em agosto a intenção de ter um sucessor, uma vez que já estava no cargo há oito anos. “Fizemos um processo de contratação bastante transparente. Marques assume dia 4 de janeiro e fará uma transição de três meses. Mário Queirós será indicado a uma posição no conselho”, disse Rodrigues.
“A partir de minha ampla experiência profissional no setor farmacêutico e com um compromisso em execução que equilibre crescimento e rentabilidade, espero contribuir para o contínuo sucesso da empresa”, disse Marques, em comunicado.
A presidente do conselho destaca que um dos motivos da contratação de Marques é a sua experiência no setor farmacêutico e em mercados internacionais. “Uma das nossas avenidas de crescimento é a oferta de serviços de saúde dentro de farmácias. Lá fora, esse mercado é mais maduro e Jonas traz esse conhecimento. Além disso, ele vai apoiar muito nossa equipe comercial no relacionamento com as farmacêuticas.”
Na Pague Menos, 10% dos clientes já usam serviços como aplicação de medicamentos, primeiros atendimentos autorizados a serem feitos por farmacêuticos, testes rápidos para detecção de cerca de 40 doenças, entre outros. Na metade deste ano, a Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) passou a permitir a realização desse tipo de exame, o que abriu oportunidade às farmácias. Na Pague Menos, das 1,6 mil unidades, 1 mil têm consultórios de atendimento. “Nossos farmacêuticos fazem o atendimento presencial. Se for preciso uma consulta médica, orientamos para uma healthtech [startup de saúde], que é nossa parceira, que faz a telemedicina”, explicou Rodrigues.
Além da Bayer, onde começou em 2012, ainda na operação brasileira, o novo CEO da Pague Menos trabalhou na Roché, Isdin, Stiefel Laboratories e Associação Brasileira da Indústria de Produtos para o Autocuidado em Saúde. Marques iniciou sua carreira como propagandista da indústria farmacêutica e durante muitos anos esteve próximo das varejistas de farmácia para negociar medicamentos sem prescrição (OTC).
Formado em psicologia, com especializações em negócios na FIA e alta gestão na IMD Business School, na Suíça, Marques tem, diz Rodrigues, perfil aberto ao diálogo, “orientado para pessoas, o que na nossa companhia, com 25 mil colaboradores, é muito importante.”
No acumulado dos nove meses, a companhia apurou uma receita bruta consolidada de R$ 8,9 bilhões, o que representa uma alta de 27,6% sobre o mesmo período de 2022. O Ebitda avançou 10,8% para R$ 351,3 milhões. Já a última linha do balanço apresentou um prejuízo ajustado de R$ 48,6 milhões, revertendo um lucro líquido R$ 107,8 milhões de um ano antes.
Fonte: Valor Econômico