Credit Suisse prevê queda de 38% no lucro total do setor, mas destaca Lojas Renner, Raia Drogasil e Hypermarcas
A recessão deve marcar presença nos balanços de quarto trimestre das empresas de consumo, segundo o Credit Suisse. O banco suíço reúne, nessa categoria, varejistas como o Pão de Açúcar, e fabricantes de bens de consumo como a Natura. Em relatório assinado pelos analistas Tobias Stingelin, Giovana Oliveira e Antonio Gonzalez, apenas três empresas ainda merecerão o apreço dos investidores após a safra de balanços: a Raia Drogasil, Lojas Renner e Hypermarcas.
A recomendação geral para o setor é underweight (peso na carteira inferior à média, o equivalente à indicação de venda), com foco em papéis defensivos. O Credit sustenta sua análise em três motivos. O primeiro é que, para o banco, a economia brasileira ainda não bateu no fundo do poço. Além disso, o consenso do mercado sobre os lucros do setor deve cair mais. Por último, a avaliação das empresas continua não atraente, em face dos riscos, elevadas taxas de desconto e a expectativa de um fraco crescimento.
Por isso, a projeção do Credit é de uma queda de 38% do lucro das empresas de consumo em relação ao quarto trimestre do ano retrasado. A receita deve crescer apenas 1% e o ebitda (lucro antes de juros, impostos, amortização e depreciação) vai cair 15% na mesma comparação, de acordo com os analistas.
Exceções
Isso não significa que todas as empresas do setor estejam igualmente mal. O Credit espera que a Raia Drogasil apresente o “melhor conjunto” de números. O banco estima um crescimento de 20%; um Ebitda 17% maior e uma alta de 21% no lucro líquido 21%. A instituição ressalva, porém, que o mercado também aguarda uma ligeira compressão na margem de Ebitda, devido à rápida expansão orgânica.
Já o otimismo em relação à Hypermarcas vem da sua transformação, nos últimos meses, em uma empresa farmacêutica “pura”. Após vender a divisão de consumo e interromper a produção de fraldas, a companhia atua agora especificamente com medicamentos e produtos de cuidado pessoal. O Credit entende que, em um primeiro momento, os números da companhia serão difíceis de serem interpretados, já que as mudanças de estrutura vão requerer muitos ajustes. Em particular, os negócios na área farmacêutica devem crescer 7% na comparação com o quarto trimestre de 2014.
Os destaques negativos pertencem ao mesmo grupo: o Pão de Açúcar e sua divisão para o varejo de eletroeletrônicos, a Via Varejo. A conjunção de fatores contrários aos resultados de ambas é conhecida: deterioração do ambiente macroeconômico; as pressões inflacionárias, as elevadas taxas de juros; e a contribuição negativa da CNova, a empresa de comércio eletrônico do grupo.
Tudo contabilizado, o Credit estima uma queda de 24,5% no lucro líquido do Pão de Açúcar, para R$ 255 milhões. O Ebitda recorrente deve vir 18% menor. Não se surpreenda, também, com o desempenho de vendas. As receitas líquidas podem crescer quase 7%, de acordo com o banco suíço. O problema é que a receitas das mesmas lojas (aquelas abertas há, pelo menos, 12 meses), podem crescer bem menos: 1,90%.