Por Monica Scaramuzzo | O pedido de proteção aos credores feito, na segunda-feira (12), pela Avon Products, subsidiária da Natura&Co, atrapalha os planos de retomada do grupo nacional de cosméticos. No pedido, as dívidas da marca somam cerca de US$ 1,3 bilhão.
Com pesadas dívidas e precisando gerar caixa, a Natura deu início, em 2022, a um processo de vendas de importantes marcas internacionais. Foi preciso dar um passo para trás, para dar dois para frente, como definiu uma pessoa próxima à companhia.
Com isso, o grupo vendeu dois importantes símbolos do processo de internacionalização da companhia – a marca de luxo Aesop, por US$ 2,6 bilhões, para a francesa L’Oréal, e The Body Shop, por 207 milhões de libras, para a gestora Aurelius, por um quinto do 1 bilhão de libras pago pelo ativo.
O desafio está na estruturação da Avon Internacional. A conta, contudo, veio alta. No pedido de “Chapter 11” feito nos EUA, equivalente à recuperação judicial no Brasil, a empresa informou que vinha sofrendo uma onda de processos judiciais sob alegações de que o talco presente em alguns de seus produtos era cancerígeno.
Com a aquisição da Avon Internacional, a Natura precisou separar os ativos da América Latina para integrar ao grupo e não sabia muito bem o que fazer com os outros negócios da marca espalhados em 37 países da Europa, Ásia e África.
No início do ano, a companhia informou que estudava uma forma de segregar esses ativos de vez da estrutura da América Latina. Entre os estudos, estaria uma listagem desses negócios — se a Natura não queria, por que outros iriam comprar esses papéis?
Outra possibilidade seria vender os ativos — fatiado ou pelo todo. Mas a mensagem que fica com o pedido de proteção aos credores nos EUA é que a Natura não soube digerir o “monstrengo” em que se transformaram esses ativos da Avon Internacional.
A reestruturação financeira em curso pela companhia agora empaca. A empresa suspendeu os estudos sobre o que fazer com esse pedaço da marca durante o processo de proteção aos credores. É preciso saber se o pedido de Chapter 11 será aceito e como o processo será conduzido.
A Natura anunciou, no segundo trimestre, um prejuízo líquido de R$ 859 milhões, alta de 17,4% sobre o prejuízo de um ano antes. O aumento no prejuízo veio mesmo com um crescimento de 57,2% do resultado operacional medido pelo lucro antes de juros, impostos, depreciação e amortização (Ebitda), para R$ 670,8 milhões.
Fonte: Valor Econômico